A Ascensão da Economia da Atenção, por Isaac Lewis

A Ascensão da Economia da Atenção, por Isaac Lewis
A página de um milhão de dólares
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Eu tenho pensado recentemente sobre como tempo tem sido substituído por atenção como o mais escasso e mais importante recurso econômico. Essa tendência manifesta-se de algumas maneiras. Por exemplo, enquanto no século XX consumidores compravam produtos para economizar tempo, consumidores do século XXI compraram produtos para poupar atenção. Eu falarei mais sobre as implicações disso abaixo, mas primeiro, como chegamos aqui?

(Nota: esse artigo, por Venkatesh Rao, forneceu muita inspiração para esse post. Ele é mais do que alguns níveis acima de mim em termos de escrita e pensamento, então se você curtiu esse artigo, sugiro que cheque o dele).

A economia da atenção é um produto da revolução da informação. Em seus tempos, as revoluções industriais e da agricultura também criaram novas ordens na economia. Houve muitas revoluções, mas essas foram as 3 únicas que mudaram a natureza fundamental da riqueza, escassez e crescimento. Entre elas, essas três revoluções dividiram a história da economia em 4 fases distintas.

Fase 1: A Economia do Presente

“Eu guardo carne na barriga de meu irmão.” Homem da Tribo Piraha

Era difícil se tornar rico antes da civilização. Os antigos humanos não podia acumular posses; as únicas coisas que possuíam era aquilo que podiam carregar por si mesmos. Have apenas uma quantidade limite de carne de mamute e pele que uma pessoa podia carregar – e sem meios de preservá-las, a carne de mamute não poderia ser carregada por muito tempo.

O único jeito dos caçadores poderem guardar posses era dando elas para outras pessoas. Divida sua carne de mamute comigo hoje e eu provavelmente dividirei a minha com você amanhã. Uma pessoa rica seria aquela que fosse bem-quista por seus companheiros de tribo. Eles ajudariam aqueles que tivessem crédito. A economia do presente chega – aquela baseada na boa vontade, em relacionamentos e em negócios igualitários onde o favor concedido e o recebido poderiam estar bem distante no tempo.

Economias de presente podem se tornar bastante complexas. Pessoas em tribos modernas, tais quais alguns moradores em ilhas do Pacífico, mantinham uma tábua de favores devidos, que se extende por gerações no passado.

Ainda, uma pessoa só poderia acumular uma certa quantidade de boa vontade, então havia um limite individual de riqueza. Os mais antigos grupos de caça, continham de 30 a 40 indivíduos, provavelmente não tinham um líder, apenas um bem respeitado “grande homem” (mesmo no paleolítico, era quase sempre um homem) – alguém com influência, mas sem real poder. Isso era o mais rico que alguém poderia se tornar.

Mais tarde, tribos maiores, que podem ter consistido de vários sub-grupos de milhares de indivíduos, teriam uma estrutura de poder mais definida. O líder de tais tribos seria muito mais rico (para os padrões da idade da pedra) que a maioria de seus seguidores. Mas a tribo não era um Estado e o chefe tribal não era um rei. Os poderes dele ainda eram baseados em relações recíprocas e não em controle de território. Com humanos ainda nômades, terra era simplesmente não era algo que poderia ser possuído.

Isso iria mudar com a revolução da agricultura.

Fase 2: A Economia do Espaço

A economia do presente durou centenas de milhares de anos, indo do nascer da humanidade até o final da última era do gelo.

(Pode ter começado ainda mais cedo. Adam Smith destacou que cachorros nunca são vistos trocando ossos com outros cachoros, mas eu já vimos macacos trocando moedas com outros macacos por frutas e favores sexuais)

Mas a economia do presente foi substituída muito rapidamente. Há evidência de que a invenção da agricultura pode ter levado menos de um século. Uma caçador de uma tribo no crescente fértil notou que plantas cresciam melhor perto da água. Algumas gerações mais tarde e os grupos tribais não mais precisavam caçar e coletar, mas semear e colher.

Ao invés de se mover constantemente, eles agora eram capazes de – ou forçados a – ficar em um lugar, de modo a cuidar dos campos. Com indivíduos ligados à terra, a terra se tornou uma posse, algo que poderia ser controlado e dominado. Terra se tornou um fator produtivo chave, a fonte de toda a riqueza e a economia do presente foi substituída com a economia do espaço.

Com agricultura, a população poderia crescer muito acima do nível “natural”. Elas poderia agora crescer exponencialmente, contanto que houvesse terra para se fixar. A escrita estava nas paredes dos caçadores-coletores. Sociedades com agricultura eventualmente iriam colonizar todas as terras férteis da superfície da terra.

Estados surgem. Um Estado monopolista usa a força em uma região e um agricultor da era de bronze não podia evitar a influência do Estado com sua mera força. Para quem ditava as regras, o único limite para a própria riqueza era a extensão de seus domínios. Terra era valiosa e a vida humana, barata. Um Rei buscaria conquistar terras distantes e se tornar imperador. Um mercado romano ou um barão medieval se importaria mais com suas plantações e domínios feudais do que com escravos ou servos presos a eles.

Frequentemente terra e trabalho seriam confundidos – o livro ingês Domesday listava as propriedades feudais com o número de servos que trabalham nelas. Eles via com a terra. Não podiam ir a lugar algum.

Depois de vários milênios de conquistas e império, o último rugido da economia do espaço foi o mercantilismo. Impérios europeus correram em busca de colônias estrangeiras e recursos que fluíam a partir deles. Nesse momento, já estava ficando claro que o espaço não era a mais valiosa fonte de riqueza e poder. Dentro de alguns séculos, as compactas casas industriais da Alemanha e do Japão iriam ameaçar os super-extensos Impérios da França, Grã-Bretanha e China.

Fase 3: A Economia do Tempo

Ao contrário da revolução agrícola, a revolução industrial é difícil de definir. Há um certo desacordo sobre as datas de começo e fim. Uma coisa é certa: industrialização fez o crescimento econômico ir de imperceptível para exponencial. Antes, mudanças tecnológicas tinha sido quase invisíveis ao longo do período de uma vida. Agora, com economias industriais crescendo a um passo de 4% ao ano, avanços revolucionários na tecnologia podem alcançar adoção em massa dentro de poucas décadas.

Não coincidentemente, a revolução industrial foi precedida por uma segunda revolução agrícola, fazendo recursos naturais mais abundantes – e baratos. A terra se tornou menos importante, tempo agora era o fator produtivo chave. Especificamente, tempo individual, ou trabalho. A pessoa mais rica dos séculos XVIII e XIX foram os capitalistas com milhares de empregados em suas fábricas, não aristocratas com extensivas propriedades no campo.

Ao contrário de lordes feudais, que frequentemente eram “donos” de seus trabalhadores, industrialistas ricos meramente alugavam os tempos dos operários por hora. A invenção do relógio mecânico ajudou isso, tornando o tempo uma commodity divisível.

Isso teve dois efeitos. Primeiro, incentivou os empregadores a aumentar a produtividade, através da mecanização, depois pela produção em massa e por fim, com automação. O gerenciamento científico eliminou ineficiências e ajudou a extrair mais valor de uma hora de trabalho.

O segundo incentivo veio para a comoditização do oempo, conduzindo à ideia de tempo de lazer. Trabalhadores agora tinham uma renda e podiam gastá-la em aparelhos que poupassem tempo – carros, máquinas de lavar, micro-ondas. O que o consumismo dá, consumismo tira; o tempo liberado por esses aparelhos foi logo preenchidos com revistas, cinema e televisão.

Houve retornos cada vez menores com cada novo aparelho poupador de tempo. Uma máquina de lavar roupa poupa mais tempo do que uma que lava pratos. Venkatesh Rao descreve essa situação como o pico do tempo; está se tornando cada vez mais difícil encontrar novos depósitos de óleo e mais difícil ainda encontrar novas maneiras de liberar tempo. E, de algum modo, as pessoas estão mais ocupadas do que nunca.

Nas últimas duas décadas do século XX, automação e outsourcing tinha eliminado todo, exceto um pequena parcela de empregos de manufaturamento da era industrial. Mas uma nova resolução estava decolando; uma que iria criar uma nova economia e absorver o trabalho livre.

Fase 4: a Economia da Atenção

“… em um mundo rico de informações, a riqueza de informações significa a escassez de algo mais: a escassez do que quer que seja que a informação consume. O que ela consume é bem óbvio: a atenção de seus recipientes. Assim, uma riqueza de informação cria uma pobreza de atenção e a necessidade de alocar a atenção eficientemente entre uma super-abundância de fontes de informação que pode consumi-la.” Herbert Simon

Onde agricultura faz a população crescer exponencialmente e a industrialização fez a economia da mesma forma, microprocessadores agiu sobre velocidade computacional também a uma velocidade exponencial. (Claro, todas as três tendências não são bem exponenciais, uma vez que elas atingiram limites naturais). Essa tendência exponencial transformaram computadores de tecnologia militar a mainframes corporativos a caixas em todas as meses, em todas as casas e em cada bolso. O software comeu o mundo.

Computadores permitem negócios gerarem gigabytes, terabytes de dados – tendências de mercados, relatórios financeiros, dados sobre vendas – então a mais importante decisão que os empregados encaram é para qual informação olhar. Informação é abundante, então atenção é escassa. Antes, isso era apenas um problema das grandes corporações. Mas quando cada pequeno negócio tem um site, presença em mídias sociais e uma conta no Groupon, como eles irão analisar todos esses dados?

É por causa disso que atenção é a chave produtiva na era da informação. Atenção faz a informação valiosa. Se existem dados e ninguém está olhando para eles, faz algum sentido existir?

Consumidores também estão tendo a atenção minada. Conte os novos planos de negócios que usam propaganda como fonte de dinheiro. Mas está ficando difícil para os publicitários. Eles têm que pensar mensagens cada vez mais espertas para serem notados em meio ao barulho. Quando as empresas de sabão fizeram os primeiros comerciais, eles podiam facilmente capturar a atenção de milhões. Hoje, essas empresas fazem vídeos virais que têm que lutar por cada visualização, compartilhamento, like e retuíte. Estamos próximos ao pico da atenção, onde cada nova mensagem tem que roubar nossos olhos de algum outro lugar.

Economia da atenção explica o problema da distração. Se você checa seu email a cada minuto por um minuto, 3x por hora, em um dia de trabalho você gastará 24 minutos checando emails. Do ponto de vista da Economia do Tempo, isso não é tão ruim. Mas cada minuto que você gasta checando email pode queimar ciclos da CPU do seu cérebro pelos próximos 20 minutos. As constantes distrações mantêm sua concentração levemente bagunçada o dia todo. Você não percebe isso, mas você se tornou presa da pobreza na Economia da Atenção.

A boa notícia é que você pode retomar o controle de sua própria atenção – embora o primeiro passo é perceber que você tem um problema. E para os oportunistas, há ainda aberturas para magnatas da Era da Atenção.

Como a Economia da Atenção Pode te Fazer Rico

Eu posso pensar em 3 oportunidades no mundo de atenção escassa. Uma para empregadores perceberem que o que eles realmente querem de seus empregados não é tempo, mas atenção. Uma hora de trabalho altamente focado pode ser superior a um dia inteiro de distraído e sem foca de trabalho. No futuro, “gastar a atenção da companhia” (por enviar emails sem sentido ou outras bobagens) pode ser mais adequando que “gastar o tempo da companhia”.

A segunda oportunidade é para novas start-ups. Antes, nós tínhamos aparelhos para poupar tempo, hoje, pode haver mercado para produtos que poupem atenção. Alguns já existem. Gaste algumas horas agendando tuítes em seu aplicativo e você pode esquecer do Twitter Marketing pelo resto da semana. Ao se inscrever para negócios baseados em mensalidade, você nunca mais precisará se lembrar de comprar meias ou barbeadores de novo.

Esses dois produtos automatizam tarefas recorrentes: provavelmente há melhores poupadores de atenção. Aqui vai um: delegar a responsabilidade de solução de problemas de baixo nível para computadores. Talvez no futuro sua máquina de lavar terá um monitor que sabe qual componente irá acabar em breve e fará o pedido automaticamente antes que todo o sistema pare. Talvez seu site terá um framework para testes A/B que automaticamente cria e testa diferentes versões do site sem você ter trabalho algum.

Mas, o que você faz quando o monitor de sua lavadora quebrar? Esse é outro problema que precisa de seu foco. O que você realmente precisa é lidar automaticamente com qualquer pequeno problema que surja. Um assistente virtual no estilo do Tim Ferris é uma solução – uma pessoa na Índia que lida com todos os problemas de baixo nível que aparece na sua caixa de entrada para você, de modo que você não precise se preocupar com eles. Talvez uma versão futura do Siri (software inteligente presente nos produtos recentes da Apple) poderia fazer o mesmo trabalho. Se tais Inteligências artificias existissem, eu também esperaria vê-las nas grandes empresas, lidando com o dilúvio de dados: primeiro, apenas dando conselhos; mais tarde, com poder de decisão.

A terceira oportunidade é programa de gerenciamento de atenção, um análogo aos programas de gerenciamento de tempo. RescueTime pode rastrear quando você gasta muito tempo no facebook. Ele não pode rastrear quando você lê um email raivoso de seu chefe, te deixando incapaz de se concentrar no trabalho pelas próximas horas. Se eu conseguisse imaginar como um produto desse iria funcionar, eu o construiria.

Fase 5: A Economia da Percepção

O que vem depois da economia da atenção? Venkatesh Rao sugere que o próximo recurso escasso será percepção. Eu entendo isso como dizendo que insights estarão em grande demanda. Nós teremos automatizado atenção – que é, análise de dado de baixo nível – então análise de dados de alto nível será necessária. Eu estou imaginando em habilidades que combinam os dois lados do cérebro; a habilidade de pegar uma grande quantidade de dados e descobrir qual história eles contam.

Quando computadores aprenderem a fazer aquilo, seres humanos estarão ferrados. Nós não teremos nenhuma vantagem competitiva restando. Computadores serão simplesmente melhores em navegar no mundo voltado para dados que estamos construindo agora.

Esse post foi originalmente escrito por Isaac Lewis e foi traduzido com autorização do autor. Se eu fosse você, daria uma checada no blog dele, tem muita coisa boa por lá. No twitter, é o @isaac_lewis.

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