ONTEM EU VI UM FANTASMA

ONTEM EU VI UM FANTASMA

Era uma noite como outra qualquer.

Eu estava com uma carga extra de trabalho para fazer e pouco tempo para terminar, então precisei ficar acordado até tarde na madrugada.

Quando estou me preparando para deitar, ouço um barulho na janela. Até aí tudo bem, barulhos aleatórios acontecem. Até que o barulho se repetiu e o som gerado parecia com alguém batendo na janela. Já na cama, eu parei, curioso.

Não faço o tipo com crença sobrenatural, mas o barulho repetiu-se a terceira vez. E era mais de duas da manhã. Foi então que eu concluí: acho que estou vendo um fantasma. Não tem como alguém querer arrombar aqui sem fazer um barulho enorme.

Só podia ser um fantasma. E até achei que quando eu me concentrava, já estava até vendo uma forma brilhante pelas frestas da janela. Como eu não sou estúpido, fiz o que qualquer personagem em filmes de terror faria: levantei e fui abrir a janela.

O que tinha do outro lado? Nada. Eu meio que esperava ver alguma forma de assombração coberta de branco e gritando buu para mim. Ou alguma mulher morta pelo marido ciumento que viveu no terreno da minha casa há dois séculos e agora está voltando para assombrar quem trabalha até tarde como o marido dela.

Não, não havia nada lá. E isso me pegou pensando. Ao deitar, comecei a analisar alguns fatos que havia deixado de lado:

  • O cérebro humano evoluiu para reconhecer padrões.Então, do universo contendo todas as possibilidades de barulhos possíveis na minha janela, eu iria reconhecer um padrão (e imaginar um fantasma responsável) na maior parte delas, pois é para isso que o cérebro criado.
  • De todo o Universo de possibilidades, por que a hipótese “foi um fantasma!” pulou na minha mente? Eu não tinha nenhuma evidência para dizer que foi um fantasma e ainda assim promovi a hipótese a minha atenção de todo jeito. É como se houvesse um assassinato em uma cidade pequena e ninguém soubesse o culpado. Daí o detetive diz “acredito foi João, o açougueiro”; promover João à posição de culpado sem evidência para suportar a ideia de que ele merece atenção especial em relação ao crime é injusto com João e um erro de raciocínio. O mesmo acontece a atribuir qualquer fato inexplicável a um fantasma.
  • O vento estava forte lá fora e a janela estilo portinhola, semi-fechada. Não é irrazoável assumir que o barulho foi gerado pela janela batendo em seu frame movida pelo vento. Por mais estranha que tenha sido a frequência das batidas, é mais plausível assumir essa hipótese do que jogar fora 400 anos de conhecimento científico e refutações, que indicaram inexistência de qualquer evidência para a existência do sobrenatural.

Tudo isso porque eu nem considerei a possibilidade de estar tendo uma alucinação. As pessoas costumam pensar que apenas drogas causam as pessoas a ver e ouvir coisa; não, é bem mais comum do que a maioria imagina. Eu estava cansado, com muito sono… não dá para descartar a possibilidade de alucinação em último caso.

Saldo do dia? Não é dessa vez que vou virar uma estrela de Hollywood estrelando um filme de terror. E preciso continuar treinando para desenvolver um raciocínio cada vez mais acurado, nesse mundo assombrado por demônios.

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