3 Lições Sobre Tomar Melhores Decisões Que as Eleições Podem Te Ensinar

3 Lições Sobre Tomar Melhores Decisões Que as Eleições Podem Te Ensinar

Você pode retirar aprendizado de qualquer situação ou contexto com um pouco de perspicácia.

Diante de nosso contexto eleitoral, observei dentro das poucas discussões nas quais me envolvi o que seria valioso para todos nós aprendermos a refinar e a resposta que surgiu foi “definitivamente como tomar melhores decisões”.

Decisões se tratam de escolhas e você se depara com elas a todo momento do dia a dia. O que comer no café da manhã, que roupa vestir, com quem almoçar hoje, qual o melhor modelo de celular para comprar, o que fazer para voltar a falar com o amigo com quem brigou recentemente, etc.

Essas escolhas você faz normalmente sem nem prestar atenção, quase inconsciente, por dois motivos: são repetitivas, já que são feitas com frequência, e possuem baixo impacto na sua vida, já que o lugar do almoço não vai fazer muita diferença no seu futuro.

Quando nos deparamos com grandes e importantes decisões, aí sim prestamos atenção. Como escolher o futuro profissional? Como decidir para onde se mudar? É melhor terminar o relacionamento e partir para algo diferente? Em quem votar esse ano?

E é apenas nesses momentos que notamos nosso despreparo para escolher o que melhor se adequa a nossas intenções. Ficamos perdidos. São tantas opções. Há tantos debates, tantas informações, que nos sentimos sobrecarregados rapidamente.

Para simplificar o projeto de escolha de seu voto (e de outras decisões importantes que você possa precisar tomar), separei esses 3 pontos a considerar.

1. Defina o que você quer com a escolha

Pense: no melhor cenário possível, onde tudo vai bem e eu escolho o que queria, como saio dessa situação?

Por exemplo, se você está em busca de decidir que carreira seguir, pergunte-se: caso eu encontre a carreira ideal, o que vai mudar na minha vida? Você provavelmente se sentirá bem realizado, energizado para trabalhar, terá espaço para desenvolver habilidades e para crescer em compensação financeira.

Essas respostas variam de pessoa para pessoa, o que faz com que a decisão ideal sob as mesmas circunstâncias seja diferente para diferentes indivíduos. O que torna importante que você pense por si mesmo e se questione de verdade o que melhor pode acontecer.

Outros exemplos: se a decisão é para onde se mudar, como sua vida será no lugar diferente? Talvez seja importante diminuir a distância ao trabalho ao invés de ter muito conforto, de modo que o lugar onde você mora ajude-o a viver uma vida menos estressada e mais feliz. Talvez você esteja planejando pedir demissão e o lugar onde vai morar é importante para cortar gastos.

Se a decisão é o voto, o que seu candidato ideal lhe fornece?

Talvez seja uma mudança de filosofia de governo. Se é isso, você deve buscar se a mudança que você quer ver é algo que está sob as responsabilidades daquele cargo. Desejar “menos corrupção no geral” não é algo para o presidente necessariamente, já que o Judiciário é o responsável pela justiça e o Legislativo por criar leis.

Talvez seja um candidato de mente aberta, disposto a ouvir os desejos da maioria da população. Ou um que se alinhe mais com seus valores. Ou o mais ético. Ou o mais eficiente.

2. Defina quais serão os critérios da escolha

Escolhas na vida real são multidimensionais, no sentindo em que você leva vários critérios em consideração.

Se é preciso comprar uma garrafa de água na rua, o normal é simplesmente buscar o lugar mais barato. Um critério apenas: preço. Para comprar o almoço do domingo quando há preguiça de cozinhar, pode ser que haja dois fatores: sabor e tempo de espera. E daí em diante.

Conforme o número de fatores cresce, a análise fica complicada bem rapidamente. Se você tem um lugar que entrega a comida em 10 min, mas o sabor é nota 7 e outro que entrega em 15 com nota 9, qual selecionar?

Para comprar um smartphone, é melhor pegar o com câmera de 10 mp, mapas que não precisam de internet, tela de 4’’ e Windows Phone ou um com câmera de 7 MP, mapas apenas online, tela de 5’’ e android de última geração?

E para um presidente? O nível de idoneidade, a postura diante do aborto, a postura diante da relação com as minorias, a filosofia econômica, a filosofia das relações internacionais, os planos para a educação, a filosofia da maioridade penal e segurança pública… ufa!

O que recomendo para você é simplificar e focar no critério mais importante (ou em um conjunto de 2, 3 critérios). Não há possibilidade de tomar decisões complexas com o máximo de informações em todos os casos porque somos máquinas imperfeitas, nossa capacidade de processamento é limitada. Simplificar, portanto, é o caminho.

Se você está com fome, escolha o restaurante mais rápido. Se quer comprar um smartphone, escolha o mais útil (melhor sistema). Se quer escolher um presidente, pergunte-se o que ele pode fazer/tem feito para as camadas mais frágeis da sociedade (esse é meu critério, por sinal). Qual será o meio de escolha não vem muito ao caso, já que isso varia de pessoa para pessoa, o foco aqui é simplificar.

3. Busque informações que ajudem a aplicar os critérios

Só depois de ter definido o que você quer e quais são os critérios importantes é que se deve ir atrás de informação. Desse modo, ela fará sentindo e será aplicada a um objetivo claro, ao invés de apenas confundir e sobrecarregar. Para tanto, você provavelmente já conhece os princípios básicos: dar preferências a fontes primárias, ir atrás de informações confiáveis e afins.

Um problema que você pode encontrar é a distração de informações não relacionadas a seu critério. Por exemplo, alguém escolhendo o voto para presidente, cujo principal critério é a abertura do presidente às opiniões do povo, recebe a notícia que há alguns anos um dos secretários do governo daquele presidente foi acusado de roubo. Essa informação é importante para a população geral (prender ladrões sempre é), mas não é relevante para sua decisão, já que a idoneidade de todas as pessoas conectadas ao candidato não é um critério seu.

E é assim que a maior parte dos debates acontece, na realidade. Ninguém começa definindo os principais critérios a serem debatidos, as pessoas só argumentam. Quando um dos candidatos “perde” de um lado, o defensor traz um critério diferente e mostra como seu candidato é melhor que o outro, daí em diante. Se eles estão discutindo programas sociais, o lado oposto aponta corrupção. Se a discussão é corrupção, se aponta nepotismo, dai em diante.

É por isso que essas discussões não têm fim: as pessoas não definem os critérios importantes de antemão e jogam apenas informações de um lado para o outro, como se estivessem defendendo times de futebol.

Uma habilidade como qualquer outra

Independente do rumo que você tomar na vida, haverá a necessidade de tomar decisões, muitas delas. Você pode melhorar bastante se criar o hábito de escrever um diário apenas para decisões, contando o que você vai decidir e todos os detalhes que te levaram a tanto. Quando as consequências de suas escolhas ficarem claras, você pode voltar e também escrever lá tudo isso.

Para melhorar, você tem que aprender com os erros. Conforme você for refinando suas decisões com o aprendizado, sua habilidade irá desenvolvendo.

PS. Se você estiver frustrado com política, independente de partido, precisa checar e apoiar esse projeto superbacana, o Politize. A maior parte de nossos problemas se deve a uma população onde 3/4 das pessoas são analfabetas funcionais. Educação crítica e política é o que se precisa para mudar o país. Não perca sua chance de contribuir, mesmo que seja espalhando a ideia para outras pessoas!

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