Eu já fui uma pessoa bem materialista. Não no sentido de querer roupas de marca ou champagnes no camarote, mas como um geek nato, eu queria os melhores gadgets possíveis. Ao que parecia, se eu tivesse aquele android com a versão atualizada e uma tela de 3” ou o ipod mais recente, eu finalmente seria feliz. Bem, mesmo não sendo feliz, eu pelo menos poderia me distrair sempre que estivesse triste.
O tempo foi passando, eu fui comprando os gadgets que eu queria, mas a felicidade não chegava. Claro, eu ficava feliz assim que comprava e bem instigado para mexer por um tempo. Até que a vontade ia se apagando até aquele objeto voltar a ser apenas mais um objeto na minha vida.
Ele podia me distrair, claro, mas, se sua mente não está no estado propenso, não faz diferença o quão boa seja a ferramenta – você vai continuar se sentindo mal.
Tem até uma rotina muito boa do comediante Louis CK, na qual ele fala “seu fone não é uma droga, sua vida é uma droga ao redor do telefone”. Hoje eu uso esse pensamento para me ajudar a tomar decisões – eu realmente preciso comprar isso ou estou tentando compensar alguma coisa?
Uma das vantagens de ter muito dinheiro é que você pode comprar virtualmente uma quantidade ilimitada de coisas (muita gente não tem e entra em débito para fazer isso), enterrando muitos problemas da vida pessoal com compras. Enquanto que a aparência vai estar ok e você vai se sentir bem por um tempo por ter esquecido aquilo, a felicidade genuína nunca vai existir.
Não é que comprar é ruim por si só; o problema é a motivação. Se você está comprando sem genuinamente precisar, está gerando dois problemas: está enterrando o problema original e consumindo um pouco da sua liberdade, através do débito. Em pouco tempo, você vai estar com os mesmos problemas e muito débito, sem liberdade. Aí vai ficar mais difícil voltar atrás.
Com o tempo (e também períodos de mais fartura, kkkkkk), fui chegando a essa mesma conclusão. Eu considero muito bem antes de investir qualquer dinheiro hoje em dia, principalmente altas somas, se de fato, é algo que eu preciso mesmo ou apenas outro “tapa-buraco” temporário. O mais interessante, é que conforme vai se desenvolvendo essa atitude, ao menos no meu caso, ela se expande para outros ramos além do dinheiro em si, hoje considero até se compensa em x ocasião investir meu tempo, esforços e etc.
Exato, caro. Essa consciência do uso de todos os nossos recursos começa a aflorar.
Show de bola Paulo, é isso aí mesmo. Abraços