Chegou aquela famosa época do ano. É a hora de decorar a casa para o Natal, refletir sobre 2017 e confraternizar com os amigos. Dezembro chega com um gosto de “rituais” no ar – ver os familiares, ceia de natal, amigo secreto e virada de ano.
Dezembro é o período do ano favorito e gosto muito do clima de reflexão, quando coletivamente desligamos o modo automático e pensamos sobre a vida. Um desses rituais é pensar sobre 2018 e o que desejamos alcançar.
Aqui no Estrategistas, tivemos várias movimentações nos últimos anos, nesse período. Já enfatizamos a importância do grupo de pessoas que você faz parte (falando de Masterminds), fizemos um projeto “VamosSalvar2015” e um guia bem detalhado (vale ler agora) sobre como mudar de vida.
Agora, quero fazer diferente. Vou abordar 3 ideias incomuns para ajudarmos a pensar 2018 sob outra perspectiva e aumentar as chances de fazê-lo bem sucedido.
Desista de 2018
2018 como unidade de tempo não existe – é uma construção social. Daí você responde: “Sim, mas todas unidades de tempo são construções sociais, Paulo”.
Sim, você está certo. A questão é que o ano é uma construção social inútil para o indivíduo. Não é pequeno o suficiente para exercermos controle refinado, nem grande o suficiente para enxergarmos nossa vida desenrolar. Ficamos presos em um meio termo esquisito, já que os rituais sociais de planejamento giram em torno do ano.
Uma ideia nova é desistir de 2018. Não faça resoluções de ano novo. Pense nas escalas de tempo extremas – sua visão de longo prazo para o que você quer da vida (25 anos) e o curto prazo que você consegue controlar (3 meses). De certo modo, uma ampliação da estratégia dos halteres, ou “ir para os extremos”, do Nassim Taleb.
Para o foco de 25 anos, é importante autoconhecimento e pensar mais sobre o que se quer da vida. Um exercício útil é descrever como seria seu dia perfeito em 25 anos – Onde moraria? Com quem? Já teria filhos, quantos? Como seria seu trabalho? E a rotina? Fazer essas perguntas ajuda a concretiza nossos anseios.
Por outro lado, no foco de 3 meses, é possível pegar todas as aspirações que normalmente pensamos para o ano e encaixá-las num formato trimestral. Com todas as vantagens associadas: mais quantificável, fácil de acompanhar, com possibilidade de corrigir o percurso e revisar o plano, etc. Ex: “Viver saudável” = ir para academia 3x por semana. “Aprender a dirigir” = tirar habilitação. Daí em diante.
A lista de anti-afazeres
Seguindo a linha não-tradicional, algo sobre o qual pensamos pouco é o custo daquilo que queremos obter. Cada coisa nova que você quer adicionar na sua vida é preciso remover alguma outra. É inevitável.
É muito fácil dizer sim a ideias. O esforço real, para garantir que o projeto floresça, é pensar em como ele vai se integrar à sua vida.
Verdadeiro conhecimento se traduz quando você consegue dizer por que aquela ideia não é um bom projeto para ser perseguido ou por que pode ser ignorado naquele momento. Em um mundo com infinitas boas opções, verdadeiro conhecimento que agrega valor e gera mudanças de impacto é aquele que nos diz sobre o que não fazer. (fonte)
A lista do que não fazer pode conter itens que são naturalmente atraentes para você, mas não estão alinhado com seus objetivos. É bom tê-la explícita, porque caso contrário um desses “objetivos-legais-mas-pouco-estratégicos” terminam te encontrando distraído e te abraçam.
Exemplo do que está na minha lista de anti-afazeres:
- estudar outra língua
- lançar treinamentos
- escrever um livro
- personal branding
- newsletter mensal de Paulo R.
Claro, a lista não é para sempre. “Escrever um livro” está ali há 2 anos, mas espero remover no médio prazo, por exemplo. No fundo, o exercício aqui é pensar no que você vai sacrificar para perseguir o que de fato escolheu como meta. Não dá para dizer sim a tudo.
Você pode sim deixar o circo pegar fogo
Você vê uns amigos em forma, outros terminando a pós-graduação, alguns tendo filhos, outros viajando de férias e pensa “estou muito atrás”. Daí cria um plano de melhoria para cada área da vida. E não consegue perseguir nenhum deles até o fim.
É impossível avançar todas as áreas da vida a mesmo tempo. O melhor que conseguimos fazer é deixar algumas sob controle enquanto avançamos outras. Já chamei isso de migrar algumas áreas para “o modo manutenção” enquanto se foca em avançar outras.
Indo até além, é ok estar fraco em certos aspectos da vida. Tudo bem estar com a carreira estagnada, se seu filho vai nascer e você tem focado na saúde. Ou combinar com seu cônjuge um ano de foco mais intenso na vida profissional a detrimento do tempo em casa.
Por exemplo, eu parei de me preocupar com meu peso. Gostaria de estar perto de 80kg, mas está difícil de ir abaixo 87kg. Resolvi que não vou mais me importar com isso. Já que a parte do exercício físico está indo bem (com o levantamento de peso olímpico), contanto que o peso não saia do controle (passar de 92kg), seguirei sem estressar com alimentação para perder peso.
Chegou a hora de quebrar o padrão
O cidadão comum já tentou várias ideias diferentes e ainda assim cai no mesmo padrão de estar insatisfeito com o progresso no final do ano. Vamos fazer algo diferente, quebrar o ciclo de “fazer as mesmas coisas e obter o mesmo resultado”.
Vamos pensar e fazer diferente para mudar de verdade. E uma vez que você decidir, mude hoje. Não espere virar o ano do calendário, porque já vimos que ele é uma ilusão. O quanto antes você começar, antes começa a construir “momentum” e maiores são as chances de chegar lá.
Pense em trimestres, crie sua lista de “não fazer” e deixe alguns circos pegar fogo. Daqui a 3 meses conversamos para ver como tem funcionado.
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