“Sociedade não era então, mais do que é hoje, parcimoniosa com cultura. Diz para tudo, “Seja útil para mim ou desapareça”. E para o aprendido, o homem sem conhecimento dizia então, como diz agora, “Qual é o uso de todo seu aprendizado, a menos que você possa me dizer o que quero saber? Eu estou aqui cegamente tateando, e constantemente me machucando pela colisão com três poderes superiores, o poder do Deus invisível, o poder do amigo Homem e o poder da Natureza bruta. Que seu conhecimento seja voltado ao estudo desses poderes, que eu possa saber como me comportar a respeito deles.”
Quote do Thomas Huxley, no livro de coletâneas (principalmente de discursos) Ciência e Educação (gratuito aqui)
É interessante pois nos faz pensar como o homem em geral só estimula conhecimento só for para resolver problemas diretos do dia a dia dele. O cidadão mediano não quer investir em institutos de matemática aplicada ou viagens espaciais, por exemplo; não passa na cabeça dele como o conhecimento se espalha. Ou como uma descoberta numa área “desimportante” pode levar a uma inovação disruptiva em outra.
É assim que a ciência funciona.
Eu peguei o livro de ensaios do Huxley e estou dando uma olhada. Parece material interessante, com insights bacanas na área de educação.
Como de praxe, para saber mais sobre ele, recomendo ler a página inteira da Wikipedia. Ele era correspondente de Darwin, divulgador da ciência e cunhou o termo “Agnosticismo”, só para te dar uma noção.
“Paulo, interessante esta informação (tanto do conselho bibliográfico quanto do texto em si). Obrigado por compartilhá-las e se me permitir, gostaria de expor minha opinião (de leigo, diga-se de passagem). Se você tivesse me perguntado, em algum momento da sua vida e da minha, se eu me interessaria pelo desinteressante temporário, afim de que num futuro distante (ou não) eu beneficiasse e aos meus companheiros de mundo. Provavelmente, eu te responderia: ‘Paulo, não me entenda mal. Não sou egoísta ou egocêntrico. Mas, meu tempo é finito e se eu me dispor dele para procurar algo que não me seja útil hoje ou agora, eu estaria me prejudicando neste mundo que, diga-se de passagem, é feroz, voraz e muitas vezes sádico! Então me apresente o útil com o inútil temporário que se me for conveniente trabalhá-los juntos e se for possível casá-los, eu os farei. Do contrário, eu fico com o útil!’. O que eu quero expor com está consideração é que em um mundo que o tempo não passa, mas voa. E sabendo que neste mundo, os fortes são os que tem a utilidade (que gera dependência, seja intelectual, técnica, profissional ou qualquer outra) mais proeminentes que os demais, é complicado darmos regalia ao que não nos agrega a utilidade mundana, seja de Deus, Homem ou Natureza. Me desculpe se eu ferir alguma máxima, conceito de vida ou premissas da verdade,não quero parecer arrogante, mas sejamos francos, Paulo. Dados trabalhados são informações, ou seja, se eu tomar alguns dados de algo que aconteceu e dispor elas de maneira coerente, terei então uma informação. Informação trabalhada é conhecimento, ou seja, se eu compreender e interpretar aqueles dados dispostos de maneira coerente e aplicar em minha vivência, terei então conhecimento através de aprendizado. Se eu obter este conhecimento e difundi-lo para outros membros da sociedade que estejam dispostos a utilizar estes dados que viraram informações, que viraram conhecimento. Atingiremos a sabedoria. Mas volto a dizer, de algo que seja útil. Minha opinião, sou extremamente leigo, mas espero ter lhe dado uma boa opinião.”
Entendo e respeito teu ponto de vista. Se entendi bem, você está dizendo que temos pouco tempo de vida (no geral) e que seria um desperdício gastar muito dele com coisas que não são diretamente aplicadas para resolver problemas práticos do nosso dia dia..
O problema é que se todo mundo pensar assim, ninguém poderia pensar assim. Porque, afinal de contas, boa parte do progresso da humanidade vem de áreas que não parecem práticas no dia a dia, da ciência em si.
“Belo apontamento, Paulo. No entanto, devo ser incisivo em argumentar que, talvez para a pessoa que está produzindo este material, seja útil. O que eu quero dizer com isto? Bom, Paulo, concordo com você que diversos ‘melhoramentos’ que são apresentados para a sociedade e que possuem resultados que são extremamente úteis são produzidas por áreas que muitas vezes não parecem práticas para a sociedade. Mas, para os agentes envolvidos neste processo (ou nestas áreas) é um fim justo e produtivo. É útil para os mesmos. Agora, a pergunta que fica no ar, Paulo, é o seguinte: ‘O que é útil para determinada pessoa? É justo o custo-benefício (tempo-benefício) dispendido?’. Volto a dizer, é extremamente perigoso, em minha opinião, ‘custear’ nosso tempo para ‘alimentar’ uma determinada operação que não temos certeza que para nós (no caso os agentes envolvidos) o objetivo-fim nos é útil. E então, só depois de concluirmos este apontamento ‘egoísta’ é que verificaremos se existem agentes na sociedade que poderão utilizar estes resultados para si próprios, para fins úteis. Espero ter esclarecido melhor o meu ponto de vista. E como dito em minha mensagem anterior, vocês (Eduardo, Paulo e os demais envolvidos. Todos os shareholders) estão de parabéns! Ótima iniciativa!”
Aliás, obrigado pelos comentários. Você está sempre com algum nota perspicaz para fazer, Marcus, e isso é excelente para fomentar discussões.
“Obrigado, Paulo. No entanto, acredito que os agradecimentos devem ser direcionados, únicos e exclusivos, aos senhores que dispõem da iniciativa e ‘força’ para manter este site om conteúdos e apontamentos mais do que úteis. Sendo assim, eu quem devo dizer: ‘Muito obrigado!’.”