Ao ler o texto “mindset – como você pensa“, do Anderson Parucker, comecei a divagar sobre o tema e terminei em alguns pontos interessantes.
O texto em si trata da pesquisa feita pela psicóloga Carol Dweck nas áreas de personalidade e desenvolvimento. Em suma, ela concluiu que possuímos duas formas de pensar antagônicas:
- Fixa
Quando a pessoa acredita que o sucesso surge de dons e talentos que provêm do berço. Não há muito o que fazer e essas pessoas sentem-se ressentidas por não terem talento e não aceitam críticas.
- Crescimento
Uma mentalidade mais possibilista, com a qual a pessoa tem consciência da importância do talento mas sabe que nada substitui o trabalho duro. Sabem que o caminho para o sucesso é o esforço e são confortáveis recebendo críticas.
Esses dois mindsets, segundo a psicóloga, não estão presentes o tempo todo. Você pode pensar com a mentalidade fixa numa área, como no trabalho, e com uma mentalidade de crescimento em outra, nas relações pessoais, por exemplo.
Se você partir do princípio que nossos cérebros funcionam como filtros e interpretadores da realidade, a maneira como ele opera é importante na hora de gerar o mundo que percebemos. Isso faz com que duas pessoas passando pela mesma experiência possam interpretar a situação de maneira diferente.
Meu contraponto quanto à pesquisa da Carol Dweck é o fato de ser muito complexo o modo como o cérebro filtra à realidade. É baseado na interpretação de experiências passadas, sensibilidade dos sentidos, estado emocional ,relevância emocional do momento etc. Por isso, há um número praticamente infinito de mindsets que as pessoas visitam, variando possivelmente de momento a momento. De uma maneira bem ampla, sim, eles poderiam ser classificados nas duas categorias que a psicóloga afirma, mas nunca restrito a apenas eles.
Finalmente, o que o título do texto tem a ver com tudo isso?
Em um outro momento, vi uma palestra do Lama Santem interessantíssima sobre esse tópico. O raciocínio, em minhas palavras, é o seguinte:
“Medimos o mundo a partir de um sistema de referência. Isso funciona muito bem para situações dentro do espaço englobado pelo sistema de referência. Mas, e se há algo além do nosso sistema? Naturalmente, isso ficará em nosso ponto cego; de modo simples, não enxergamos nada além daquilo que pode ser interpretado baseado na coisas em que acreditamos.”
Pronto. Basta substituir o “sistema de referência” acima por mindset e você vai entender o que quero dizer. Quanto mais restrito nosso mindset, nossa visão de mundo, a menos experiências teremos acesso e menos compreenderemos as coisas a nossa volta.
Claro, não espero um dia em que eu vá ter a visão de mundo mais ampla possível, mas ter a consciência que nossa visão não é ampla o suficiente é importante. Faz com que estejamos abertos a novos acontecimentos. Por isso, não podemos parar de expandir, sob pena não entender mais a realidade.