Quantidade é melhor do que qualidade: pensamentos sobre o processo criativo

Quantidade é melhor do que qualidade: pensamentos sobre o processo criativo

Lidar com trabalho criativo é delicado. Se você faz apenas trabalho repetitivo, ou burocrático, mesmo que envolva seu cérebro mas não se relacione com criação de alguma maneira, você não tem noção do quão complicado é.

Não que criar seja difícil; de maneira alguma. Criar é uma maneira do ser humano se expressar, para mim é o modo mais claro de transmitir o que nos faz único como espécie. Mas, diferente da maioria das atividades, criar envolve sua capacidade cerebral completa. O que eu quero dizer quanto a isso?

Bem, para você fazer algum trabalho criativo (design, pintura, escultura, escrever textos como esse etc), você precisa: estar bem fisicamente, estar com a mente descansada e trabalhar consumindo muita energia mental. Além disso, você necessita entrar em contato consigo mesmo, conhecendo melhor o funcionamento do próprio corpo, para entender quando está mais apto para a criação: pela manhã? depois de uma corrida? junto a um café?

Calvin sobre criatividade
Não é bem assim, Calvin. Ou é?

 

Quantidade e Qualidade

 

Tudo isso sem levar em conta a inspiração. Eu não acredito em “inspiração” no sentido comum da palavra; eu gosto de pensar nela apenas como estar no “humor certo”. Por que eu não acredito em inspiração, você me pergunta?

Durante um experimento científico, uma sala de aula (de esculturas) foi dividida em duas partes; a primeira parte, iria receber notas baseadas na quantidade de trabalhos que desenvolvessem, enquanto a segunda parte iria receber nota na qualidade dos trabalhos. Ou seja, quanto mais o primeiro grupo produzir, maior a nota; quanto ao segundo grupo, as notas estariam relacionadas apenas ao melhor trabalho de cada um.

O resultado? No final de um ano, o grupo que ia receber as notas baseadas na quantidade de trabalhos construiu esculturas de melhor qualidade do que o outro grupo. Quantidade é melhor que qualidade.

Há vários exemplos na história para comprovar isso. Leonardo da Vinci e Albert Einstein, por exemplo. A maioria dos trabalhos dos dois não era melhor que a média das pessoas, mas como eles produziram muita coisa, alguns trabalhos se destacaram e ganharam a fama para eles.

Se você quer trabalhar com criatividade, foque na quantidade de trabalhos e a qualidade vai surgir naturalmente. Isso não quer dizer que você vai “publicar” qualquer porcaria; não, o ponto aqui é não esperar por perfeição, mas simplesmente colocar o seu trabalho “no mercado”, da melhor maneira que estiver, mesmo que você não goste muito. Um exemplo meu foi um texto meu publicado no Dinheirama: aquele não entra na minha lista pessoal de top 5, mas muita gente gostou e o feedback foi bem positivo. Você não tem como prever essas coisas.

E, mesmo sabendo de tudo isso, ainda estou produzindo menos do que deveria. A que se deve isso?

1. É preciso abrir espaço na vida para o trabalho criativo
2. Meu processo para se tornar um melhor escritor
3. A maldição do sucesso

O primeiro ponto é bastante claro; como eu já disse, você vai precisar das melhores horas do seu dia para realizar criação. Para mim, o melhor horário é pela manhã, logo depois do café. Não adianta reservar horários em que você estará cansado, como logo depois do trabalho, pois assim você não vai criar.

Quanto ao ponto 2, bem, eu gosto de escrever; pretendo publicar vários livros antes de morrer. Para isso, preciso me desenvolver como escritor. O problema que tem acontecido é que eu tenho caído na armadilha da perfeição: só quero publicar textos depois que eu acho que estão bons o suficiente. Já viu onde está o problema? Eles terminam nunca sendo publicados.

A maldição do sucesso na criatividade

Por fim, temos a maldição do sucesso. Antes de continuar, faça uma pausa e assista o TED sobre criatividade da Elizabert Gilbert, autora de “Comer, Rezar e Amar” abaixo.

Eu sou uma escritora. Escrever livros é minha profissão, mas é mais do que isso, é claro.É também o grande amor e a fascinação de toda a minha vida. E eu espero que isso não mude nunca! Dito isso, aconteceu uma coisa muito peculiar comigo recentemente, na minha vida e na minha carreira, que me fez rever a relação que tenho com esse trabalho. E o que houve de peculiar é que eu acabo de escrever um livro de memórias, chamado “Comer, Rezar, Amar” que, ao contrário dos meus livros anteriores, se espalhou pelo mundo e por alguma razão virou esse best-seller internacional, uma mega-sensação. O resultado é que, agora, onde quer que eu vá, as pessoas me tratam como se eu estivesse condenada. É sério: condenada, condenada! Tipo, eles chegam para mim bem preocupados e dizem: “Você não sente medo, não tem medo de nunca ser capaz de superar isso?” Você não tem medo de continuar escrevendo a sua vida toda e nunca mais escrever um livro que interesse alguma pessoa nesse mundo nunca mais?

Basicamente, a maldição do sucesso está relacionado com o medo de não conseguir viver ao nível dos seus trabalhos mais sucedidos. Criar é um processo complicado e ter um trabalho anterior como sucesso é uma pressão extra no processo. E isso pode atrapalhar muito.

Ultimamente, alguns de meus textos foram muito bem aceitos. Tenho recebido alguns emails legais, de pessoas bem bacanas (não me mandou email ainda? mande!) e minha escrita tem se provado valiosa para alguns. Isso é ótimo! Eu fico muito feliz com isso. Mas, como não estou acostumado ainda, eu crio essa pressão extra em mim para só produzir coisas boas.

Não que eu seja um escritor multimilionário, com um sucesso que já virou filme de Hollywood como é o casa da Elizabeth. Não, mesmo que o sucesso seja relativo (comparado a seus resultados mais recentes), ele pode atrapalhar.

Claro, isso não tem nada a ver com você, meu querido(a) leitor(a); é algo com que eu preciso aprender a lidar. Do mesmo jeito se seu chefe elogia seu último projeto e você se sente pressionado a fazer um excelente trabalho no próximo, o fato de seu chefe ter te elogiado não tem nada a ver com a pressão que você está sentindo.

Para me ajudar a lidar com os três pontos mencionados acima, eu me comprometi a escrever uma hora por dia, todo dia, e a publicar pelo menos duas vezes por semana por aqui. Vamos ver como isso muda a situação. Fique ligado que em alguns dias tem coisas legais chegando!

  1. Me lembrou uma frase lida em um livro, não lembro o autor… “Nada fracassa como o sucesso”. A pressão demasiada atrapalha, mas a evolução tem que continuar.

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