Algumas ideias profundas sobre leitura estão erradas na nossa sociedade.
Depois de passar alguns anos mergulhado nessa jornada de aquisição de conhecimento para viver um vida melhor, absorvi muito de mentores, daqui e dali. O ponto mais quebrado da relação é como estamos enviesados para pensar no formato “aprendizado para escola”.
Escolas, no modelo atual, estão desconectadas da realidade. Usar esse modelo como parâmetro de extração de sabedoria para a vida tem falhado e feio. Precisamos pensar diferente sobre livros e leituras no geral.
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Já começamos a discutir o método para extrair o máximo de leituras que aprendi com Ryan Holiday, que por sua vez aprendeu com Robert Greene. Agora, vamos dar um passo além e mergulhar para além da extração: analisando a relação com a leitura como um todo.
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– Não respeite demais os livros. São receptáculos de conhecimento, risque, tome notas, tudo que for necessário para ajudar.
– Não empresto livros. Livros são objetos pessoais – se você acha que tem algum valor o conhecimento ali presente, compre um e fique para você.
– Se você vier em minha casa e gostar de algum livro, compro um novo de presente para você. Não dou os meus.
– Livros não são para ler e vender. Isso é mentalidade de conhecimento passageiro de tempos de escola. Acorde, agora você está lendo para viver melhor.
– O valor do livro é extraído ao longo do seu tempo de vida, raramente sai 100% na primeira leitura
– Tenha sua biblioteca e deixe sua curiosidade lhe guiar. Folheie, releia, explore o conhecimento do jeito que quiser.
– Não faz sentido ler mais rápido, isso é idiotice. O gargalo da leitura não é a capacidade de extrair informações do papel para o cérebro, mas o quão rápido você “processa” e absorve o conhecimento para seu mapa de realidade.
– O tempo que você gasta lendo um livro serve também como uma “reserva” de tempo para pensar sobre o assunto que está sendo lido. Ler um livro de 1000 páginas, umas 100h de leitura, significa que você dedicou pelo menos 100h de tempo a pensar sobre o tema do livro.
– Há leitura por prazer (ficção estilo dan brown) e leitura para conhecimento (todo o resto). Não se trata de ficção ou não ficção, mas o quanto aquilo agrega na sua vida naquele momento.
– Se você começar um livro de lazer e não estiver 100% apaixonado nas primeira 50 páginas, largue a leitura. Não vale o tempo.
– Se você começar um livro de conteúdo e não estiver claramente ruim, dê chance a leitura. Pelo menos, você está usando seu tempo para pensar sobre o tema do livro, ainda que seja para contradizer o autor.
– Sempre que possível prefira livros físicos. O argumento sobre retenção de conhecimento é bem convincente e a experiência é outra, ponto.
– O objetivo de ler é para aprender, não posar de inteligente.
– O objetivo de comprar livros é para montar sua antibilioteca, não servir como consumismo desenfreado mascarado de leitura.
– Sim, construa sua antibiblioteca. Acumule tantos livros não lidos quanto seus meios financeiros permitam.
– Escolha livros por um bom motivo, nem que seja sua curiosidade.
– Coloque seu conhecimento em prática. De preferência, tenha uma forma de concretizar o que você tem absorvido (comece a escrever)
– Use o que você aprendeu em todo lugar, não apenas na escrita. Numa carta para um amigo, como conselho a alguém passando por dificuldades, como referência em um trabalho na faculdade, etc.
– Livros não envelhecem como pessoas, eles envelhecem ao contrário (efeito Lindy). Por isso, prefira sempre os clássicos.
– Sempre que possível, fique longe de livros escritos por jornalistas.
– Dê preferência a biografias de pessoas que viveram vidas interessantes, não seguiram scripts; gente que, quando se olha de fora, parece ter tido uma vida aleatória. A vida é isso aí: orgânica, viva, fora de caixas e de pessoas que tentam viver fora da caixa (e caem em outras).
– Só ouça conselhos de pessoas que viveram literalmente com o “cu na reta”, a versão brasileira popular de “skin in the game”. A vida de alguém é ditada pelos riscos que ela tomou – quem viveu em bolhas não tem nada a ensinar, só a descrição de uma vida frustrada.
– 3/4 da população brasileira e 38% dos universitários é analfabeto funcional. Leve isso em consideração quando quiser ler um livro que entrou na lista de best-seller.
– Crie um sistema de conhecimento pessoal que fique mais valioso com o tempo. Aqui está uma dica de como começar (e o melhor curso sobre).
– Use pessoas e autores cuja opinião você respeita como filtro de recomendações de leitura.
– Adicione doses de serendipidade a sua lista de leituras, caso contrário você pode ficar preso em uma câmara onde suas opiniões ecoam em pessoas que pensam parecido com você.
– Não compre livros com base em promoções. Isso não faz sentido. O que dita qual livro você vai ler em seguida deve ser o valor que ele vai trazer para sua vida não que preço ele estava na loja.
– Conhecimento no geral tem uma taxa de retorno desproporcional e você não vai conseguir prever exatamente qual livro vai te trazer o pedaço de conhecimento que vai mudar sua vida. Use uma estratégia de aposta convexa: sempre invista uma quanta fixa da sua renda em conhecimento (melhor forma = livros). Eles irão se pagar, de forma inesperada.
– Não existe livro caro. Você sai e gasta 100, 150 reais sem esforço numa balada. Se tem um livro “caro” que você está interessado em comprar para lê, não hesite.
– Leia sobre tudo que te interessar. Tudo. O segredo nunca contado sobre sucesso na vida é seguir sua curiosidade e descobrir maneiras de alavancar profissionalmente o que te interessa.
– Seja aberto no que você lê e focado no que você cria.
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Lembrando que se precisar de recomendações de leitura, temos uma lista (de volta à atividade) que sai todo mês.
Parabéns! ótimo artigo.
Fala Paulo!
Que ótimo que vocês voltaram a postar com maior frequência!
Gostei muito dessa lista e se eu tivesse a opção de repassar somente deles, seria:
“O valor do livro é extraído ao longo do seu tempo de vida, raramente sai 100% na primeira leitura”.
Acho muito difícil alguém conseguir entender 100% da proporção de conteúdo colocado pelo autor em sua primeira leitura…
O primeiro ponto é que você naturalmente tem uma interpretação interna do conteúdo do livro, ao ler você usará sua interpretação pessoal sobre ele e para isso usará como base suas crenças, valores e representações únicas do mundo que você vive.
Eu penso que a cada nova leitura, nossos “olhos” estão mais treinados para ver coisas que antes “não estavam ali”.
O site sempre teve grandes artigos! Continuo acompanhando!
Abraço!
Excelente! Me fez pensar bastante, sobre a questão de não emprestar livros, eles raramente voltam, mas eu estava com a ideia que ele tinha que circular e espalhar o conhecimento contido.
Quais as biografias e clássicos que você mais gostou?
Sou muito fã dos estrategistas, gosto da forma como vocês escrevem.
Um abraço
Karol
Oi Karoline, tudo bem?
Temos alguns textos com recomendações de leituras aqui pelo site. Um deles: http://estrategistas.com/10-conselhos-100-livros/
Se você assinar a lista de recomendações, recebe um email com meus 5 favoritos.
Abs
Excelente! Vários trechos memoráveis no artigo. Destaco esse: “O segredo nunca contado sobre sucesso na vida é seguir sua curiosidade e descobrir maneiras de alavancar profissionalmente o que te interessa.”
Este é um artigo que eu gostaria de ter escrito! Parabéns.
Artigo muito bom, como sempre.
Estavam fazendo falta,
Abraços !
Parabéns Paulo, já estava com saudades dos seus textos, muito bom os aforismos, pena que muitas pessoas não acreditam no poder da leitura e ficam imersos nos programas de TV que nada agregam em suas vidas..obrigado por mais este texto!
Que bom a sua volta com novas mensagens de excelente qualidade; estava sentindo falta.Desejo que sejam mais frequentes suas postagens.Abraço e sucesso.
Adorei, estava sentindo falta dos seus textos!
Oi Paulo adorei o post. É aquele típico post que entra no favoritos e segue a mesma lógica da leitura de livros, ler várias vezes.
Fiquei curiosa com um ponto, rs. Por quê não ler livros escritos por jornalistas? Eu imagino um motivo mas gostaria de saber por curiosidade caso ache que convém comentar.
Obrigada.
Oi Fabiana!
Essa regra é ampla – jornalistas não costumam ter “pele no jogo” sobre o conhecimento que compartilham, por isso não merecem “passar direto” em nosso crivo de julgamente como uma autobiografia passaria.
Há exceções, como jornalistas que reportam o que viveram em primeira mão (cobrindo uma guerra, por exemplo) e outros com histórico de escrever bons livros.
Abs