Se Você Quer Ser Rico, Pare de Se Preocupar Com Dinheiro

Se Você Quer Ser Rico, Pare de Se Preocupar Com Dinheiro

Uma das coisas que eu acho mais legal em aprender outras línguas é o fato de você obter novos modos de se expressar, muitas vezes ausentes em sua língua original. É esquisito, mas há certos momentos nos quais expressões da língua inglesa falam mais fielmente o que quero dizer do que algo em português. É um efeito com que todo falante de línguas está familiarizado.

Um exemplo sensível desse caso é quando se trata de dinheiro. Em inglês, há duas palavras diferentes para riqueza, de modo que em português, você pode apenas dizer que alguém é ‘rico’, lá, há os adjetivos ‘rich’ and ‘wealthy’.

Qual a diferença sensível nesse caso?

Quando você diz que certa pessoa é ‘rich’, em geral, você está expressando que ela possui muito dinheiro. Quando o adjetivo selecionado é ‘wealthy’, você aponta que aquela pessoa tem várias riquezas, não restrigindo-se a dinheiro: ela pode ter uma rede impressionante de contatos, pode ter uma vida familiar estável e feliz, pode estar completamente em forma, etc.

De modo simples: ‘rich’, relacionado apenas a dinheiro; ‘wealthy’, aplicável a um cenário maior de variáveis.

Quando Focar em Dinheiro Te Atrapalha no Caminho da Riqueza

Todas as outras dimensões não relacionadas a dinheiro que o termo ‘wealth’ enbarca podem ser eventualmente convertidas em riqueza monetária. Por exemplo, uma vida saudável ou uma família feliz te dão mais energia, que você pode converter em trabalho e, por conseguinte, dinheiro. Ter uma rede de contatos poderosa e ativa facilmente se converte em dinheiro pelas oportunidades as quais você passa a ter acesso. Daí em diante.

Mesmo que você queira acumular muito dinheiro, focar apenas nisso é um maneira ineficiente. Por quê?

Conseguir dinheiro por dinheiro é difícil. Quando você limita suas dimensões de riqueza, fica reduzido ao trabalho e isso é muito pouco. Não dá para ficar rico se limitando a poupar dinheiro no final do mês e investindo tudo. Na melhor das hipóteses, um investimento (meio surreal) rendendo 10% ao ano sem riscos vai levar mais de 7 anos só para dobrar a quantia original.

Não, dinheiro por dinheiro não parece ser um bom caminho para a riqueza.

Entretanto, e se você tentasse ficar tão ‘wealthy’ quanto possível ENQUANTO constrói sua riqueza financeira? Veja que cenário animador:

1. Você está cuidando da sua saúde, te deixando mais feliz e aumentando a eficiência de seu trabalho.
2. Você toma conta de sua família, garantindo o bem estar deles, uma relação positiva com as pessoas e um ambiente feliz e produtivo.
3. Você constrói relações profissionais. Não apenas o networking barato de troca de contato no LinkedIn, mas relações DE VERDADE; pessoas com quem você pode contar para tocar projetos, gente que vai te incluir em boas oportunidades de negócio… uma grande rede positiva de apoio mútuo.

No final do dia, você estará bem mais feliz, vivendo uma vida significativa e construindo os elementos de riqueza que serão capitalizados no futuro. Em outras palavras, dinheiro é apenas a forma mais líquida de riqueza. Também é a mais volátil. Construir uma base forte, de vários pilares, vai te deixar melhor preparado para o longo prazo do que focar no saldo da conta bancária.

Sem mencionar que ninguém gosta de estar cercados por pessoas ligadas demais ao dinheiro. Não, não estou falando sobre pessoas que querem ficar wealthy: essas são muito mais do que bem vindas na minha vida. Meu problema são aquelas pessoas que não sabem deixar um trocado em cima da mesa, saca?

Que dividem a conta do restaurante até o último centavo, que querem tirar o máximo possível de você sem oferecer valor de volta, que estão sempre te cobrando as menores quantias… esse tipo de pessoa é desagradável de ter por perto; eu sei que elas valorizam milhões de coisas antes da qualidade de nossa relação, então não são confiáveis para se ter por perto nem para se fazer negócios. Essas não tem espaço aqui.

Um Exemplo Pessoal

Semana passada eu estava conversando com esse cara alto nível, co-autor de bestseller, fundador de uma comunidade enorme em torno de um tema importante lá fora; alguém em quem me espelho, que valorizo muito ter por perto e com quem tenho aprendido bastante.

Daí estávamos discutindo um acordo muito bom, que expandiria o raio de ação do conteúdo dele para outros mercados e com um bom potencial financeiro para os dois lados (principalmente para eles, já que eu irei gerar valor enquanto fazendo a maior parte do trabalho pesado).

De todo modo, o acordo tem o potencial de me render algo entre vinte e vinte e cinco mil reais ao longo dos próximos dois ou três anos. Depois da primeira carga de trabalho pesado (umas 30h) para o projeto sair do chão, vai requerer apenas uma ou duas horas por semana de manutenção. Ou seja, virtualmente, dinheiro passivo a médio prazo.

Antes dele me fazer uma proposta, eu disse algo como: “Ah, eu comecei a trabalhar nisso já, devo estar 60% completo. Ficamos acordados de discutir os valores exatos numa futura ligação, mas como demoramos a nos falar, já comecei a trabalhar. Adoro vocês e confio que vocês irão sugerir valores ótimos para todo mundo. E, afinal de contas, não entrei nesse projeto por dinheiro, a construção de nossa relação é mais importante para mim”. Disse algo nessas linhas.

Daí ele foi e mencionou uma excelente proposta, e agora estou trabalhando para fazer o ‘pitch’ do projeto  em algumas semanas.

Veja bem, eu fui sincero quando disse que valorizava mais a relação construída com eles do que possíveis 25 mil reais nos próximos 3 anos. Eu realmente valorizo. Meu foco sempre foi construir wealth. Eu nem consigo enfatizar o quão importante para construir wealth  relações como a que estou construindo com esses caras são.

Sem mencionar que, se o projeto der certo, o modo como vou me posicionar no mercado para o futuro vai me gerar muito mais dinheiro do que a quantia que poderia tirar nesse acordo.

A realidade é essa: não quero fazer dinheiro para o próximo ano ou para daqui a dois anos; eu me preocupo com o longo prazo, meu horizonte é para daqui a 50~70 anos (se não resolvermos o problema da imortalidade antes). Relações como essa são muito mais relevantes do que alguns trocados.

Aplicando no Dia a Dia

Simples: pare de focar em dinheiro, foque em criar valor para as pessoas. Não é que você não deva buscar dinheiro, mas que ele não deve ser sua prioridade.

Pessoas que focam em dinheiro assumem aquele perfil que eu descrevi mais acima; ninguém gosta de estar cercado por gente assim.

E não, todo esse papo não vem de uma pessoa rica, nem de alguém com família abastada. Sou apenas um cara regular, qualquer, também subindo minha escada, procurando meu caminho.

No final das contas, essa é a lição mais difícil de tomar aqui. Lembro de um mentor brilhante, que construiu negócios do zero, hoje é milionário, vive em paraísos no sudeste asiático e ajuda outras pessoas fazer o mesmo, quando ele disse algo assim:

“Eu sei como é dificíl, saca? Você está quebrado, pensando no que vai ser do próximo mês, daí você encontra com aquele cara super rico e bem sucedido. Ao conversar sobre negócios, você nota que sua expertise pode ajudar o cara a melhorar algo no negócio dele, pode fazer a ele mais dinheiro. O que você faz, cobra mil pratas de consultoria e explica a ele? Não, você vai até ele, dá o conselho sem cobrar nada e cria uma relação ali. Mais tarde, quando ele for aplicar o que você disse e realmente fizer mais dinheiro com seu conselho, ele vai lembrar de você. Você acabou de entrar no radar dele, isso significa oportunidades inimagináveis no futuro.”

Resumindo: não é sobre negligenciar riqueza  (do tipo ‘rich’) , mas simplesmente focar em riqueza (do tipo ‘wealthy’).

  1. Texto muito foda, Paulo!

    Concordo em gênero, número e grau. É uma abordagem muito parecida com o que disse o genial Peter Drucker: “Você não deve se preocupar com a solução dos problemas. Não que isso não seja importante, mas seu foco deve estar em fazer as perguntas certas. A partir delas as soluções surgem naturalmente”.

    1. bem por aí, Luís. o tenso é que leva tempo até vc consegui a renda com teu trabalho para te manter enquanto vc gera valor, mas é algo que vai vir eventualmente, se você continuar trabalhando, aprendendo e ajudando as pessoas a crescer. não desistir!

  2. Ótimo texto, me fez lembrar o excelente livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” em que em um certo capítulo é discutida a produção/capacidade de produção – vc não deve pensar somente no resultado e negligenciar o que produz o resultado. Pra exemplificar a ideia o autor faz uma analogia com a fábula de Esopo da galinha dos ovos de ouro, onde na ânsia de pegar todos os ovos de ouro de uma vez ao invés de ter paciência de esperar a galinha botar, o dono acaba matando-a e minando sua fonte de riquezas ao descobrir que seu interior está vazio. E é o que muita gente faz ao negligenciar os relacionamentos com sócios, clientes, parentes, amigos e na administração de um negócio.

    O autor tmb propõem a criação de uma “conta bancária emocional” para a construção de bons relacionamentos(…). Recomendo fortemente o livro a todos que ainda não leram.

  3. Olá Paulo!

    É bom por ai mesmo! Quando começamos a focar em adquirir conhecimento e até compartilhar sem interesse o dinheiro vem de forma natural,resultado do bom trabalho.

    Mas no seu comentário abaixo: “o tenso é que leva tempo até vc consegui a renda com teu trabalho para te manter enquanto vc gera valor, mas é algo que vai vir eventualmente, se você continuar trabalhando, aprendendo e ajudando as pessoas a crescer. não desistir!”

    Essa é a parte chata,você tem um bom conhecimento,mas as contas essenciais não deixam investir mais do que você queira para melhorar ainda mais,então temos que ir devagar e aos poucos, para que no futuro tenhamos as duas coisas rsrs.

    Abraço!

    P.S.Estou começando a ler o livro!

  4. Também achei excelente este texto, Paulo! Gostaria que comentasse mais sobre como criar o networking de verdade que você comenta. Aquela frase “você é a média das 5 pessoas que você convive”, me deixa preocupada! Como sair do meu círculo e criar um círculo que seja mais inspirador e valioso? Se você tiver um texto sobre esse assunto, me indique, por favor!

    1. Excelente texto Paulo!
      Liliane, achei muito interessante a sua questão. Eu mesmo me debatia muito com isso: “você é a média das 5 pessoas que você convive”. Na verdade você nunca vai se livrar totalmente de gente medíocre, porque está em todo lado, em casa, na vizinhança, na escola, no posto de trabalho, etc. O que você deve fazer é evitar passar muito tempo com essa gente, em vez disso, passe tempo com gente de mente brilhante, gente inspiradora, mentores, etc. Mas como? Através de livros (bons livros), palestras, audios, etc. Esses passarão a fazer parte dessa média. Espero ter ajudado!

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