Você Sente o Tempo Passar?

Você Sente o Tempo Passar?

Chegamos em Junho. Está aberta a temporada dos ‘nossa, o ano passou muito rápido’, ‘esse ano voou!’, etc.

Normalmente, não sentimos o tempo passar. A cultura que existe é de criar metas para o ano no reveillon, não tentar cumpri-las antes do carnaval (afinal, o ano só começa depois dele), aproveitar o feriado de páscoa e se esquecer dos projetos e planos em meados de abril. Depois, vivemos reclamando que não conseguimos emagrecer, largar o cigarro ou trocar de emprego.

Note que só mencionei “datas significativas”, como se não houvesse nada entre elas. Não há nada?

Muitos culpam a rotina. Ficamos preso no dia a dia e avançamos por ele tal como avançamos pela vida, igualzinho a Adam Sandler no filme Click. Como se, não havendo data comemorativa, ocasião especial ou experiência incomum, a vida não fizesse sentido. Como se ela precisasse ser pulada. Afinal de contas, somos viciados em experiências (e epifanias) “awesome.

Adam Sandler - Click

“Avança para a parte onde fico rico/em forma?” | Esforço que é bom, ninguém quer.

O problema (ou a saída) é que sabemos como isso vai acabar. No filme Click, o personagem principal, de repente, se percebe idoso e com a vida tendo esvaído pelas suas mãos. E é exatamente disso que eu sempre tive medo: de acordar com cinquenta anos, olhar para trás e me perguntar: o que fiz com todo esse tempo?


Para onde foram aqueles 50 anos? | Desperate Man, por Gustave Flaubert

Vi uma solução interessante para isso no TED (para variar). Cesar Kuriyama e seu projeto “One second everyday”. Ele filma um segundo de cada dia da vida dele e junta tudo em filmes que o ajudam a ter noção de que o tempo está passando. Abaixo, o vídeo com pouco mais de um ano da vida dele.

Um segundo todo dia | Link TED

Destaque:

Se eu viver até os 80, terei um filme de 4 horas que irá resumir 50 anos da minha vida”, diz César. “Aos 40, terei uma hora de filme sobre os meus 30s.

Não é a solução ideal, mas talvez sirva como lembrete que vamos morrer. De que é hora de fazer o que se ama, já que não temos segunda chance.

  1. Bom texto e bom vídeo!

    É interessante notar que, cada dia mais, com o aumento das obrigações e afazeres, o tempo passa despercebido por nós.
    Por mais que eu concorde com essa idéia recorrente sobre como o “mais valioso e inestimável bem” deve ser aproveitado de maneira produtiva, encontro uma dualidade que se expandiu em várias e várias facetas.

    Explicando:
    Afinal, você deixa de virar garoto e se torna um homem assim que para de fazer o que quer e começa a fazer o que deve ser feito. Parte dessa maturidade alcançada está na rotina que todos detestamos e culpamos. Então seria crescer também renunciar ao que você gostaria de fazer?

    Não.

    Ao mesmo tempo que afirmo que também não é um total desperdício de tempo ou um ato de imaturidade e/ou irresponsabilidade em dedicar algum tempo e atenção a uma atividade de seu gosto.

    E qual a resposta?

    Bem, ela nunca é exata. Mas depois de noites e noites em claro, divagações nas janelas do famigerado ( e causador de uma incrível perda de tempo, haha) transporte coletivo e até mesmo epifanias alcóolicas a gente vai entendendo uma ou outra nuance que não tinha prestado atenção.

    Atentem para o fato de como a sociedade é viciada em prazos. O bicho-homem, que se diz racional, é o único animal que mede o tempo. Por isso, também, é o único animal que tem medo que soe a última hora. Mas se o timekeeping é motivo de tanto estresse e preocupação, por que o fazemos?

    A resposta é organização. A sociedade tenta se organizar assim, medindo o tempo. Como um sábio aí disse: Se não pode vencê-los, junte-se a eles e organize seu tempo.

    Neste Blog, por exemplo, é possível encontrar textos e mais textos que podem dar uma dica em maneiras pra se organizar melhor e vencer o piloto automático da rotina com, incrivelmente, uma rotina! Só que mais flexível. Todos temos as mesmas 24 horas (eu ainda duvido seriamente disso) então tentemos fazer delas um grande medley entre nossas obrigações, diversões, procrastinações e divagações de uma maneira em que, quando no misterioso amanhã que segue, possamos olhar pro presente ver que, hoje, ele fez jus ao nome que o demos à sua época e que o chamaremos amanhã: O Presente.

    Por causa de toda essas idéias , temos textos como o sua excelente publicação, Paulo, ou até mesmo comentários humildes como o meu.

    E admito que achei enquanto escrevia que tudo isso seria uma grande perda de tempo.

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