26 Lições Coletadas Até o Aniversário de 26 anos

26 Lições Coletadas Até o Aniversário de 26 anos

Hoje é meu aniversário.

É um período do ano em que fico mais reflexivo que o comum. Tenho a vantagem de ocorrer no meio do ano, de modo posso fazer um “ponto de checagem” para o andamento das iniciativas na vida.

No meu aniversário de 24 anos, fiz uma coletânea das 24 lições mais importantes que coletei no caminho. Ao invés de tirar um “novo raio X” e escrever um texto com 26 lições, resolvi apenas complementar com mais duas.

Afinal de contas, ainda penso de forma muito parecida.

Lição #25 Soberania individual

Uma das 24 lições foi parar de entrar em “competições” sem sentido, como briga de status (ter o melhor carro, roupa de marca, etc.). Um dos lemas dos Estrategistas sempre foi fazer as coisas por um motivo, então, para viver deliberadamente, você tem que escolher suas batalhas.

A verdade é que ninguém acorda e diz explicitamente “vou querer comprar um carro melhor que o vizinho”, mas termina escolhendo indiretamente, ao ceder à pressão para “pegar o carro novo” ou “começar uma pós para não ficar para trás”. Você pode até listar algumas racionalizações, desculpas que dará para si mesmo para se convencer de que é uma boa ideia, mas no fundo sabe que aquilo não é a melhor escolha para você.

Parte disso é a programação cultural que permeia os rituais e o conteúdo que consumimos na sociedade, influenciando nossas escolhas. Não se trata de uma conspiração em que poucos querem controlar o mundo, mas simplesmente o jeito como as coisas são.

É essencial ressaltar que ser bem sucedido não é viajar para longe nas férias ou ter carro novo, mas viver a vida nos seus termos. E isso não significa ter dinheiro e não depender de ninguém. Afinal, de que adianta conseguir se bancar se seus desejos são ditados pelo meio em que você está imerso?

Tudo começa, então, por sair dessas corridas que te fazem correr e correr sem sair do lugar. Vale também você prestar atenção ao que te interessa e o que você deseja fazer, ir fazer aquilo. Não importa que tempo do ano é, qual é o dia da semana ou que time está jogando na TV. Por exemplo, apesar de gostar bastante de dançar e de forró, esse ano passei o São João inteiro sem dar play em uma música do gênero porque não tava afim. Parece bobo, mas a vida é uma soma de pequenas coisas; se quer viver a vida no seus termos, faça o que te agrada.

Como vivemos nossos dias é, claro, como vivemos nossas vidas (Annie Dillard), como diz uma das minhas favoritas passagens.

Note que não estou advogando que você seja um idiota com o próximo ou faça apenas o que te dar prazer. Isto é o jeito pueril de pensar sobre soberania pessoal. É preciso lembrar que a vida é um jogo infinito, em que interagimos repetidas vezes com as mesmas pessoas, que precisamos ter nossos objetivos, contribuições e obrigações.

Faça menos por convenções sociais abstratas ou demarcações coletivas da passagem do tempo (feriados, períodos festivos, etc) e mais o que fizer sentido para você (incluindo obrigações pessoais concretas).

Outro exemplo: apesar de não estar no clima junino, fui a uma comemoração junina com a família da minha esposa. Era um evento especial para eles, celebrando um parente falecido, então era importante que eu estivesse presente. Cumpri uma “obrigação” (e fiquei feliz de tê-lo feito), mas no geral, segui fazendo o que queria (não entrar no clima regional forçado).

Lição #26 Seja violento quando necessário, mas bondoso sempre que possível

Antes de tudo, vamos falar de violência. Existe gente com más intenções no mundo e é crucial que você seja capaz de se proteger e proteger aquilo em que acredita.

Nossa sociedade é construída e gerenciada sob a ameaça de violência, a diferença é que os cidadãos delegam essa responsabilidade para o Estado. Não se engane: não existe ordem sem a ameaça de violência. E, em algumas situações prováveis de acontecer com qualquer um, pode ser que a responsabilidade recaia sobre você.

Partindo para o lado metafísico, existe até um argumento mais elaborado falando que a pessoa fraca não pode ser considerada virtuosa. Alguém se proclamar uma pessoa de paz não faz dela virtuosa por evitar a violência, simplesmente incompetente por não saber usá-la. Só as pessoas que sabem usar a violência, mas escolhem fazê-lo judiciosamente, são verdadeiras referências de virtude. É o equivalente moral de dizer que não adianta se orgulhar de nunca ter traído seu cônjuge se você nunca teve oportunidade para tanto; só quem teve que fazer a escolha “não irei seguir” diante da situação pode clamar virtude sobre ela.

Outra questão interessante é que ser capaz de violência pode ser o suficiente para não precisar usá-la. Outro dia eu li o seguinte relato:

“O cara veio me assaltar e me disse ‘bro, você precisa ficar grande’ com a faca nas minhas costas. Vão para academia, senhores”

Se você é grande o suficiente e em forma, intimida apenas com a presença. Se você sabe se defender, vai abordar a situação de um ponto de vista de gerência (“como fazer com que se resolva da melhor maneira possível”), ao invés de viver a situação com puro medo.

Assim, a primeira parte da lição que absorvi foi: integrar melhor violência na minha vida e encarar como obrigação pessoal ser capaz e estar pronto para defender minha família e o que acredito quando necessário.

Do lado oposto, mas não excludente, está a bondade. A verdade é que vivi talvez meu maior pesadelo no final de 2017. Sabe o que aprendi depois de absorver a experiência? A necessidade de ser bondoso.

Viver é um negócio extremamente complicado por si só. Pessoas possuem formações, rotinas e relacionamentos diferentes; é como se cada um de nós estivéssemos vivendo em um mundo próprio, só que lado a lado.  Além disso, se comunicar abertamente com outra pessoa é muito difícil. Tenho sentido isso em primeira mão: é um dos motivos pelo qual o casamento tem me ensinado tanto. Aqui estou eu, de lado de uma pessoa que escolhi como parceira para vida, e ainda encontro diariamente emoções, sensações e pensamentos que são difíceis de comunicar.

Imagine no relacionamento com outras pessoas além do cônjuge, nos quais não temos tanto contexto compartilhado? E na interação entre estranhos? Não fazemos ideia do que se passa na vida de outra pessoa e, talvez por isso, o melhor é ser bondoso por padrão.

Note que falei ser bondoso, não “bonzinho”. Ser “bonzinho” é ser aquela pessoa legal que está com um sorriso forçado para todo mundo, sempre concorda com  o que os outros falam e não agrega nada de novo onde vai com medo de causar incomodo.

É difícil descrever o que é ser bondoso; talvez seja viver com o coração aberto. Você sabe que pode vir coisas lindas dali, mas sabe também o quão frágil ele é, sabe do peso que você carrega diante de suas obrigações na vida e consegue enxergar o mesmo no outro.

Dois livros que me ajudaram demais com esse aspecto foram, Pequenas Delicadezas, da Cheryl Strayed, e o Shambhala: a Trilha Sagrada do Guerreiro.

A metáfora que gosto de usar sobre a diferença entre bonzinho e bondoso é imaginar-se vivendo em uma tribo. O bonzinho é aquele jovem buscando a validação de todo mundo, que quer sempre parecer a pessoa prestativa e legal (note como ser bonzinho estar relacionado com “atuar”, com “não ser verdadeiro consigo mesmo”). Já o bondoso seria uma dos guerreiros da tribo, que embora bruto e capaz de violência (lição anterior), brinca com as crianças no pátio da tribo ou ajuda os anciãos com os afazeres do dia.


Aí estão, os 24 + 2 lições mais importantes que absorvi nestes 26 anos de vida.

Vejo você ano que vem (se nós dois formos sortudos o suficiente para chegar lá).

Se quiser, pode visitar as lições aprendidas dos anos anteriores:

 

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