O Pilar da Maior Dinastia Japonesa e a Máquina de Insights

O Pilar da Maior Dinastia Japonesa e a Máquina de Insights

Quero trazer 2 conceitos para você, que se aplicam a nossas vidas. Foram aprendizados que levaram os últimos 3 anos para maturar, mas talvez você já consiga enxergar algum paralelo.

Vamos falar de: paciência como fonte de eficiência e insights com pé no chão. No fim, também respondemos a pergunta: por onde andam os Estrategistas?

Maior dinastia japonesa, paciência e eficiência

Além de escola e trabalho, existe alguma atividade que você tem feito com recorrência ao longo de muitos anos?

É naturalmente difícil porque a vida é bem caótica: você muda, as pessoas mudam, o contexto muda, tudo muda. É similar a tentar manter o navio em curso durante uma tempestade forte: requer dedicação e às vezes é impossível. Você pode continuar investindo energia para ficar na trilha ou simplesmente soltar e deixar a tempestade passar para retomar.

Se você é jovem e ousado, provavelmente nem quer pensar na segunda opção; soltar o curso do navio durante a tempestade seria o equivalente a desistir. E, impetuoso como você se vê, tal palavra nem faz parte de seu vocabulário.

Contudo, existe um fundo de verdade no clichê que diz “ser impossível vencer todas as batalhas”; não existe campeão sem muitas derrotas. Quando olhamos alguém vencer um campeonato impressionante, mesmo com um “track record” profissional de vitórias (como Khabib, no UFC), só enxergamos a glória.

Mas… e o preço que ele pagou? As milhares de derrotas acumuladas durante anos nos tatames e academias para que em suas aparições públicas ele tivesse um histórico vitorioso?

Impossível vencer sem perder. Impossível avançar controlando todos os aspectos indefinidamente. Uma hora ou outra, você vai precisar soltar e deixar a tempestade passar. É um pensamento aterrorizador, navegar águas sem o controle do navio, mas é uma habilidade necessária para colher os frutos de qualquer iniciativa de longo prazo.

Conselhos como “nunca desista” são bonitos para tirar você do lugar, mas não te ajudam a discernir situações em que você deveria desistir da batalha para ganhar a guerra.

É o conselho unidimensional que serve como uma faca de dois gumes, que mais cedo ou mais tarde vem a te ferir. Enquanto tento internalizar essas lições e incorporá-las no dia a dia, meus pensamentos sempre se voltam a Tokugawa Ieyasu.

Já contamos a história dele por aqui, é fascinante. O guerreiro que estabeleceu o último grande Shogunato no Japão, criando uma dinastia que durou quase 300 anos. Tokugawa derrotou Hideyoshi Toyotomi na famosa batalha de Sekigahara.

Recomendo olhar os detalhes e mergulhar nesse período fascinante da história japonesa, mas o que importa é o seguinte: Hideyoshi é uma das pessoas mais fascinantes que já viveu; saiu de carregador de sandálias até o posto de unificador de todo o Japão.

“Construiu um Estado forte a sua imagem, entrou para os livros de história em lugares reservados a grandes conquistadores, como Alexandre o Grande. Porém, o problema dele foi a super-expansão; não contente em unificar o Japão, ele quis ir além, declarando guerra à Coréia e China, o que eventualmente levou a sua morte.”

Tokugawa, por sua vez, possuía as habilidades necessárias para consolidar os ganhas como imperador. Soube criar sistemas, desenvolver costumes sociais e processos de governo que criaram uma estrutura duradoura, permitindo seus descendentes reinar por séculos.

É impossível não contrastar as duas grandes figuras: os arquétipos do Imperador Ousado expandindo os domínios e do Rei Parcimonioso construindo um legado.

Em última instância, é uma questão de personalidade: se você perguntasse a Toyotomi (ou Alexandre o Grande ou Julio Cesar), em seu leito de morte, se havia algum arrependimento, provavelmente a resposta seria não.

Por outro lado, o estilo consolidador do Tokugawa não deve ser confundido com um covarde: afinal de contas, ele de fato derrotou Toyotomi para só então estabelecer seu Shogunato, então possuía bastante habilidade marcial também.

O que Tokugawa possuía era a sabedoria de não ficar preso a um estilo de vida e se adaptar a realidade quando necessário. Isso talvez faltou em Toyotomi e outros grandes conquistadores. Na hora de ser guerreiro e vencer batalhas, Tokugawa foi um dos mais bravos e competentes. Na hora de criar um clima de paz, montar um governo e estabelecer um reino próspero, ele fez o que foi necessário.

A grande lição para nós: não ficar preso a um modo de viver, estar pronto para responder ao momento da maneira adequada. Esse é um lembrete particularmente útil para mim, que alcancei bastante sucesso no começo da vida adulta sendo o jovem superexpansivo e encarregado.

A história atesta, e não por coincidência, que uma das passagens mais memoráveis de Tokugawa é:

“Os fortes na vida são aqueles que entender o significado da palavra paciência. Paciência surge ao restringir nossas inclinações. Existem 7 emoções: alegria, raiva, ansiedade, amor, pesar, medo e ódio, e se um homem não se entrega a nenhuma delas ele pode ser chamado de paciente. Eu não sou tão forte como eu poderia ser, mas eu conheço há muito e tenho praticado paciência. E seu meus descendentes desejam ser como eu sou, eles deve estudar paciência.”

– Tokugawa Ieyasu

Filtros da vida real e a máquina de insights

O que é um insight, no contexto do crescimento pessoal?

Talvez uma iluminação repentina, uma ideia, algo completamente novo, que tem muito potencial de te ajudar a superar uma trava ou problema que você tem enfrentado. Minha experiência anedotal é que o insight te traz um pico de prazer e um certo senso de realização: “agora sim, descobri como resolver o problema X”.

O insight te traz o equivalente ao passo a passo de “como lidar” com a situação-problema. Isto é ótimo. Mas há uma diferença enorme entre saber como lidar com a situação e de fato resolvê-la. Existe esforço, dedicação envolvidos, que é difícil de fazer (como qualquer sacrifício).

Assim, um problema do meio de desenvolvimento pessoal é a busca constante por “insights”, por novas “sacadas”, que vão ajudar a lidar com os desafios. Quando, na realidade, tal busca é infrutífera. Tais insights se apresentam estéreis, por não passarem de ideias, soluções conceituais, que não agregam valor nenhum ao dia a dia do indivíduo por não serem acompanhados por ação no mundo real.

Insight, sem dedicação, não gera mudança; te deixa preso numa bolha de autoimportância, pois você “já sabe” como fazer. Esse padrão de comportamento dá luz a uma personalidade bem distinta. Afinal, quem não conhece esse tipo de pessoa: Aquela que parece saber de tudo, como lidar com todo tipo de problema ou desafio, mas não tem nenhum resultado concreto para mostrar na própria vida?

  • Sabe a melhor dieta e a ciência da nutrirµao, mas está acima do peso;
  • Conhece as melhores técnicas de defesa pessoal, mas não dura 20s numa sessão de sparring;
  • Sabe os princípios dos negócios bem sucedidos, mas nunca começou projeto algum;
  • Etc.

Ou melhor, quem já não agiu (ou age) assim em um momento ou outro da vida? Eu com certeza já fui culpado desse crime. E o que separa essas pessoas das outras que não fingem saber mas estão ralando com as respostas imperfeitas que possuem é o pé no chão. O contato com a realidade (skin in the game, nos termos de Taleb).

Hoje, posso não ser o melhor lutador nem ser capaz de identificar os erros numa luta de nível olímpico, mas voce pode apostar com minha bunda está toda semana no tatame, aprendendo um pouquinho a cada dia.

Posso não ser o melhor marido do mundo, mas faço meu melhor, observo feedback e continuo melhorando. Daí em diante. O caminho para sair da bolha de ilusão de autoimportância é colocando a mão na massa. É se envolvendo com projetos reais, por mais imperfeitos que seja.

Como os Estrategistas podem te ajudar?

Nosso retiro anual em Florianópolis.

O grande comentário (e elogio) que recebemos ao longo dos anos é sobre como o conteúdo do Estrategistas é algo único na internet, especialmente na esfera brasileira. Simplesmente não há outro portal que cria conteúdo como criamos.

Não somos os melhores, somos únicos. E grande parte dessa unicidade pode ser atribuída à nossa rejeição da ideia de se tornar uma “máquina de insights”.

Nosso objetivo não é trazer ideias toda semana, empacotadas de maneiras diferentes, para causar um impacto emocional em você e te fazer sentir “bem” pela nova sacada que você aprendeu. Não. O Estrategistas, desde o início, existe mais como um “relato de campo”, em que compartilhamos o que temos aprendido e descoberto, também através de insights vindos de leituras, cursos e mentores, mas sobretudo através de ação.

Conteúdo assim:

  • é impossível de copiar, já que é impossível de copiar nossas vidas;
  • possui altas chances de trazer algo novo, já que está em contato com a realidade, ao invés de requentar as mesmas ideias que vagueiam o desenvolvimento pessoal.
  • não é fácil de criar, pois vem primariamente de primeira pessoa.

Temos uma vida além do Estrategistas.

Tenho uma carreira ascendente com marketing e estratégia em startups, tenho uma empresa de consultoria e uma família. Eu me sinto mais honesto vivendo minha vida e compartilhando aprendizados aqui do que fazendo do Estrategistas minha vida.

Isto não significa que você verá pouco conteúdo novo aqui ou que grandes projetos sumiram do Estrategistas. De jeito algum, ainda há muita coisa grande que queremos fazer.

O ponto aqui é não ser possível esperar o conteúdo no estilo  Estrategistas, com a qualidade que criamos, no mesmo volume e frequência de outros portais, com outras guias editoriais. A forma como buscamos ajudar não é com conteúdo, mas com seleção. Não buscamos ter um texto detalhado explicando como lidar com cada problema da vida.

Buscamos:

  • garantir que vivenciamos aquilo sobre o que escrevemos e que o conteúdo criado seja o mais honesto possível, do jeito que expliquei acima.
  • escrever sobre temas muito importantes que merecem ser revisitados sempre que necessário.

Ter nosso melhor destilado nosso livro (O Mindset Estrategista), que está em fases finais, faz parte dessa proposta. Criar conteúdo valioso, bem editado e organizado claramente, que possa ser revisitado sempre que necessário (inclusive por nós mesmos). E este é o grande motivo pelo qual você não vê hoje “um texto novo a cada dia, com vídeos no youtube, postagens novas e dezenas de histórias por dia no Instagram”.

Posso não ser o melhor escritor do mundo, mas faço questão de dedicar minha energia a criar algo de valor que possa impactar a vida das pessoas.

A quem se perguntou: “Por onde anda os Estrategistas?”

Bem, aqui está sua resposta.

A todos os demais, ficam as lições com as quais tenho lidado recentemente: a prática da paciência de Tokugawa e a ação pé-no-chão para criar valor na vida.

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