Enxergue o Verdadeiro Valor Das Coisas

Enxergue o Verdadeiro Valor Das Coisas

Dinheiro é ótimo. Todo o conceito por trás do papel-moeda é muito inteligente, poupa-nos como sociedade de muita dor de cabeça nas relações de troca.

Já imaginou a época em que você tinha uma vaca e precisava de feijão em sua fazenda? Como diabos você ia saber o quanto de feijão valia uma vaca? Ou trocar uma casa por duas charretes, um cavalo por ovos de galinha, etc. Pode continuar imaginando trocas bizarras e, instantaneamente, você perceberá o impacto positivo (despercebido) que o dinheiro tem em nossas vidas.

Mas claro, junto a ele, veio problemas. Eu nem quero focar agora nas questões comerciais ou em pontos mais complexos para nós, como sociedade. Vamos falar de um detalhe psicológico: sobre o verdadeiro valor das coisas.

Como dinheiro ajuda a explicitar o valor de um objeto (pelo menos o valor médio que as pessoas interessadas neles estão inclinadas a pagar, mas isso já é papo para outra dia), parece-me que a maioria de nós criou uma tendência cognitiva a supervalorizar dinheiro, mesmo em quantidades irrisórias, simplesmente pelo fato do valor numa porção de dinheiro ser explícito. Como assim?

Um exemplo simples que aconteceu comigo: eu tinha uma conta para pagar. Por alguns infortuitos, eu não tive condições de pagar até a data do vencimento. Se fosse em outra época, eu ligaria o botão “pânico” e faria o possível e o impossível para pagar antes do limite. Porém, chequei no boleto bancário e vi: multa (R$ 1,10) mais juros (R$ 0,06/dia). Pensei: “ah, não vale a pena me estressar por alguns centavos”.

Não me entenda mal: atrasar contas é, de modo geral, uma péssima política para lidar com dinheiro. Mas o ponto aqui não é esse. Se eu tivesse que sair de minha rotina habitual para ir ao banco pagar a conta, só o gasto em passagem já superaria em muito o valor da multa para o boleto em questão. Isso sem falar no impacto que teria em mim, estando estressado, sem poder produzir direito, me relacionando mal com as pessoas a minha volta etc..

Esse é o tipo de raciocínio que não vejo as pessoas tendo. Eu vi um casal outro dia discutindo sobre o fato de um deles não ter pego a roupa na lavanderia e ter que pagar multa (quase irrisória) por isso. Eu pensei: “sério que eles estão discutindo sobre isso? Que eles estão diminuindo a qualidade de vida, perdendo a oportunidade de passar o tempo limitado que têm juntos, por alguns reais?”.

Note que esse não é um problema das “más” pessoas, que focam demais no dinheiro (nem acho que isso seja ruim per se, é apenas uma estratégia diferente de lidar com ele). Não, está presente em todos nós; parece muito mais uma cultura que veio como efeito colateral de lidarmos com uma moeda unificada de troca (dinheiro).

Eu sugiro que, pelo menos no começo, em todas as situações em que você tiver que trocar dinheiro por algum outro bem (principalmente não material), como escolher fazer hora extra ou passar uma tarde com a família em outra cidade, você preste atenção e observe se seu julgamento não está sendo afetado por esse viés cognitivo.

Quais seus pensamentos a respeito?

  1. Paulo,

    Assuntinho complicado falar de dinheiro, valor, viés cognitivo… Confesso que me fez pensar bastante mas não consegui desenvolver bem estes pensamentos. Ainda não estou resolvido com o assunto dinheiro, por diversos temas que não vem ao interesse agora, por isso este assunto me causa um certo embrulho no estômago. Quando você disse viés cognitivo, me fez pensar: Entendo o dinheiro como energia, não o papel propriamente dito, mas ele te dá certo tipo de poder e você escolhe o que fazer com ele, ou seja, como utilizar esta energia. É complexo, dá pano pra manga este assunto, as vezes me perco mesmo. Então vou falr de valor. Mas vamos pensar em termos de recurso, recurso mesmo, dinheiro ou capital, mão de obra (RH), recurso natural e o TEMPO. Este sim, é o recurso mais importante e incontrolável o TEMPO e talvez o mais valioso. Pense no valor dos recursos que citei, é bem possível quantificar e qualificar o valor das coisas, o primeiro milhão, a água de quem tem sede mas o tempo é incontrolável, com valor soberano. É possível estocar dinheiro, água, alimento, mas o dia possui apenas as 24 horas. Minha meta é canalizar minha energia (dinheiro) para controlar o tempo (Não ser escravo do tempo).

    Abraços

    Luiz Felipe

    1. >Entendo o dinheiro como energia, não o papel propriamente dito, mas ele te dá certo tipo de poder e você escolhe o que fazer com ele, ou seja, como utilizar esta energia

      Curioso que eu penso de maneira parecida, Luiz. O dinheiro é uma ferramenta para você causar impacto no mundo (não apenas se encher de brinquedos e futilidades).

      >Minha meta é canalizar minha energia (dinheiro) para controlar o tempo (Não ser escravo do tempo).

      Sábio. Já pensou o que vai fazer depois disso?

      Abraços!

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