Não perca a paisagem de vista

Não perca a paisagem de vista

Eu gosto de uma ideia que Gustavo Gitti fala muito em seus textos, algo como “não queremos sentido na vida, queremos tesão, brilho nos olhos, alegria por estar vivo fazendo o que quer que façamos”. Toda essa história de buscar fora um sentido para a vida nunca fez sentido para mim de todo modo.

É comum, porém, encontrarmos alguma atividade na qual encontramos esse tesão por viver, essa alegria de estar realizando. Por exemplo, há 3 anos eu comecei a praticar Tae Kwon Do, e achei excepcional. Chegou um momento do ano quando eu estava gostando tanto que eu estava indo treinar mais de 6x por semana. Como eu tinha achado uma atividade que me dava tesão, que me deixava alegre e recompensado, eu simplesmente “grudei” nela e todas as outras áreas da minha vida ficaram ofuscadas.

Por coincidência ou não, as outras áreas estavam meio bagunçadas, quando não negligenciadas. Era como se eu tivesse me agarrando a algo que me fazia bem no momento e ignorando todo o resto. E isso é perigoso.

Abdicamos de nossa liberdade, perdemos nossos olhos, deixamos nossa autonomia dormindo em casa apenas porque encontramos energia, felicidade e satisfação em outro processo. E não soubemos fazer diferente. Não são as mulheres ou as situações que nos aprisionam, mas nossa própria falta de direcionamento, estabilidade e lucidez.

Gustavo Gitti, aqui.

Um estrategista precisa ter em vista todo o cenário, ele nunca tira a paisagem da mente. Quanto mais ampla sua visão, mais precisa e bem direcionada pode ser sua ação. O mesmo vale para sua vida. Se você encontrou algo que te traz brilho nos olhos, seja um novo esporte, um curso de artes, um(a) namorado(a), isso é realmente bom. Mas, não pode servir de muleta para você neglenciar o resta da sua vida.

Por quê?

Porque isso passa. Tudo passa. As coisas são, por si mesmas, impermanentes. Quando apoiamos nossas vidas numa base impermanente, estamos participando de um jogo com data marcada para perdermos. Por algum motivo, a muleta vai quebrar e você vai cair no chão. Com força.

A melhor abordagem é enxergar tudo com um sorrisinho sacana no rosto. Você vai aproveitando, mas no fundo, no fundo, sabe que todo aquele prazer não dura , então não faz da atividade sua muleta. Isso vale para qualquer coisa em sua vida.

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