Motivação é um tema recorrente, e, normalmente, vem associado à disciplina (ou à falta dela). Todas as pessoas querem se manter motivadas para executar suas tarefas diárias ou até mesmo alcançar seus sonhos. O problema é que, na maioria das vezes, a motivação “surge do nada” e não dura tempo o suficiente para que atinjamos nossos objetivos.
Quantas vezes você teve tarefas a fazer, mas procrastinou dizendo que não estava motivado? Ou então aquela vez em que você se matriculou na academia e depois de uma ou duas semanas já nem ia mais às aulas? Ou ainda, lembra daquele vídeo que te fez querer mudar sua vida completamente, mas que passado algum tempo já não tinha mais efeito nenhum?
Quer saber por que isso ocorre?
Nesse artigo, você terá um guia pessoal no qual eu separei as 6 ideias fundamentais da motivação aplicáveis a qualquer pessoa, que lhe ajudarão a superar as dificuldades do dia-a-dia, adicionando mais resultados a sua vida.
Continue lendo para descobrir como parar de procrastinar e tomar as rédeas da sua vida. Você descobrirá:
- Os 3 erros comuns que você comete ao tentar se motivar
- Como enxergar a procrastinação por um outro viés
- O que você precisa fazer (e não fazer mais) para se manter motivado
- Como manter o controle nos dias ruins e não jogar tudo para o alto
Parece interessante? Vejamos, então.
Superando as dificuldades do dia a dia
Uma das lições mais importantes que aprendi sobre a vida: os problemas nunca vão embora.
Embora a sociedade ocidental persiga um modelo de felicidade que envolve um estado sublime de ausência de preocupações, eu me sinto grato por ter aprendido tal lição bem cedo. Ajudou-me a poupar tempo por não perseguir coisas sem sentido.
O fato de descobrir que sempre terei problemas para enfrentar não me desencorajou nem um pouco. Também não fez os problemas diminuírem. Tenho desafios de todo tipo: cansaço físico, problemas de relacionamento, dúvidas e indecisões, como todo mundo.
O fato é que seres humanos precisam de uma certa quantidade de estresse para crescer; há evidências em várias áreas apontando nessa direção. As dificuldades que batem à nossa porta são apenas isto: oportunidades para colocar em prática nosso treinamento.
Essa é uma ideia poderosa, que extraí do budismo e do estoicismo, correntes de pensamento bastante focadas no caminho ao invés do destino. A primeira trata bastante do cultivo de uma mente mais tranquila e livre de aflições, enquanto a segunda, do cultivo de nossas virtudes.
Não há fim de jogo aqui. A vida inteira vai ser um treinamento para que você possa ficar cada vez melhor, encarar desafios cada vez maiores e viver causando um impacto positivo nas pessoas à sua volta.
A motivação, portanto, assume uma roupagem diferente. Não se trata mais de achar uma técnica para se manter sempre excitado e instigado para fazer o que precisa ser feito. Trata-se de aprender a gerenciar o próprio corpo para executar aquilo que você acha importante. Não uma busca pontual, mas uma postura contínua.
É esse tipo de motivação que vamos discutir a seguir. Na forma como trato o conceito, você pode imaginar motivação como “gerência de nossa capacidade de fazer o que precisa ser feito para alcançar o que desejamos”.
Então, se você se sente frustrado por não conseguir “se forçar” a fazer coisas que acha importante, como ir à academia, manter-se na dieta ou poupar dinheiro, esse texto é o que você precisa.
3 Erros Comuns Que Você Comete Tentando Se Motivar
Antes de construir, precisamos desconstruir. Já cometi bastante esses erros antes de aprender o suficiente para contorná-los. Também vi e vejo muita gente cometê-los nesses 3 anos de trabalho com desenvolvimento pessoal.
Vamos analisar cada um com calma e mergulhar um pouco no que fazer para contorná-los.
Erro #1 Pensar que Inspiração e Motivação são a mesma coisa
Você já foi a uma palestra motivacional?
Alguém com experiência (coach ou psicólogo), fala sobre como é realmente difícil conseguir o que desejamos e nos comovem com histórias emocionantes. Mostram citações de grandes nomes, talvez alguns vídeos, focando na vida de algumas pessoas que batalharam bastante, mas conseguiram sucesso.
O problema é que a palavra utilizada está errada e isso causa muita frustração para quem quer realmente se motivar. O conteúdo desse tipo de palestra é inspiracional, não motivacional.
Ins.pi.ra.ção sf. 1. Ação de fazer entrar o ar nos pulmões. 2. Estímulo, de origem interna ou externa, ao pensamento ou à atividade criadora. 3. Resultado da inspiração (2). 4. Sugestão, conselho.
Mo.ti.va.ção sf. 1. Ação ou efeito de motivar. 2. Exposição de motivos. 3. Conjunto de fatores que interagem para determinar a conduta de uma pessoa.
A inspiração é algo pontual, que acontece no momento que você é exposto a algo que gera comoção. Essa comoção é, por natureza, passageira; vai servir para chacoalhar as coisas um pouco, mas nada permanente. Não é a chave para lhe ajudar a fazer o que é preciso com consistência.
Você pode ver um vídeo inspirador hoje e conseguir fazer uma tarefa que estava procrastinando. Mas depois de pouco tempo, aquilo se desfaz e você está de volta à estaca zero.
Esse é um dos maiores fatores de frustração das pessoas que precisam se motivar: pelo entendimento errado do conceito, elas estão sempre se inspirando (algo passageiro) e nunca resolvem o problema.
O que deixa a pergunta no ar: se o que pensávamos ser motivação na realidade é inspiração, o que é motivação de verdade?
Motivar-se significa entender e manipular os fatores que influenciam em sua conduta. Em última instância, motivação se conecta diretamente à ação.
Quando essa distinção estiver clara em sua mente, será possível ir atrás de conhecimento para lhe ajudar com o problema base (“como faço para alcançar a meta X”) e gerar resultados concretos. Esse é o objetivo de nossa discussão aqui.
Erro #2 Usar motivação para resolver um problema de produtividade
Há uma associação forte entre “não conseguir fazer o que é preciso” e “falta de motivação”. Motivação é uma parte muito grande, mas não forma o cenário completo da execução de tarefas.
Há vários fatores externos que também influenciam e costumam passar despercebidos. Isso porque costumamos ignorar o quanto o ambiente influencia nossa percepção e nossas ações.
Na forma tradicional, há o “você” interno e o mundo exterior. Nessa linha de pensamento, contanto que o eu queira fazer algo (esteja motivado), ele vai conseguir agir no mundo exterior e criar o que deseja.
Contudo, não é assim que as coisas funcionam. É mais acertado pensar que há o “você” interno, seu corpo e o mundo exterior. Por exemplo, pode parecer bobagem, mas mesmo a temperatura da sala variando alguns graus pode influenciar o quanto você é capaz de produzir em um dia.
Por estarmos muito focado no “eu”, não gerenciamos o corpo, fazendo com que diversos fatores desprezados, como alimentação, qualidade do sono, estado emocional, iluminação e nível de ruído do ambiente, influenciem no que queremos fazer
Caso o problema esteja com esses fatores, ele não será resolvido com mais motivação. Aqui entra o estudo da manipulação do funcionamento de seu corpo e do ambiente que o cerca a fim de ajudá-lo na produção do dia a dia.
Essa seria uma conversa sobre produtividade, que não é escopo desse texto. Já há bastante discussões a respeito aqui e aqui, caso essa seja sua dificuldade.
Erro #3 Usar pura força de vontade para agir
A menos que você dê sorte, que é algo com a qual não podemos contar já que não está sob nosso controle, não será possível ser bem sucedido nos próprios termos sem esforço.
O problema é que nem todo trabalho duro vai levar ao sucesso. Na realidade, a maior parte dos esforços lá fora não serão úteis. Em sua jornada de crescimento, é preciso julgar em que você vai investir sua energia para aumentar suas chances de conseguir o que deseja.
Dando um passo mais além, o conhecimento das últimas décadas do cérebro humano nos trouxe informações valiosas para julgarmos nosso modo de ação. É preciso julgar não só em que você vai investir sua energia mas também como.
Por exemplo, as evidências apontam que a capacidade que o ser humano possui para se controlar é limitada no curto prazo. Se você quer viver uma vida mais saudável, não vai ser possível se forçar a fazer tudo: levantar cedo, sair para correr, comer comida saudável, evitar doces, etc. Em algum momento do dia, seu “estoque” de autocontrole vai acabar e você se entregará às tentações.
Essa nova forma de enxergar o comportamento humano e sua forma de operação coloca em xeque a forma como pensamos na motivação. Não adianta pensar apenas em “se motivar a ir para academia” ou “estudar para aquele concurso”. Motivação não vai contornar seu limite biológico de autocontrole.
O que podemos fazer é criar contextos: rotinas e bons hábitos para que não precisemos de mais autocontrole para fazer as tarefas necessárias.
“Ir contra nossos contextos, ou fingir que não nos afetam, é uma batalha perdida desde o começo. Somos limitados demais, irracionais demais, débeis demais, humanos demais para ser capaz de superar nosso contexto minuto a minuto. Nosso contexto sempre vencerá.”
– Carlos Miceli
Note que isso ainda cai na definição original da palavra “conjunto de fatores… determinar conduta”. Motivação é entender o conjunto de fatores internos e externos para manipulá-los a seu serviço.
Motivação 101: Um Guia Pessoal Para Fazer Acontecer
Eu confesso: não é possível.
Comecei a escrever esse texto com a ideia de criar um método com tudo que já li sobre motivação. Em pouco tempo, percebi que essa tarefa seria uma loucura: é tanto conteúdo que não caberia nem em um livro!
A segunda melhor coisa que eu posso fazer, então, é escrever sobre ideias importantes que ajudam a me guiar na área de motivação e que com certeza terão grande impacto para você. Essas são ideias a que recorro quando me preparo para perseguir um desafio novo.
Se você me permite, eu vou mudar apenas o caminho da conversa, mas ficará claro que chegaremos ao mesmo destino. Ao invés de responder a pergunta “como aumentar minha motivação”, vou mostrar como respondo a pergunta “como faço para alcançar uma meta que quero?”.
No fundo, elas representam a mesma coisa, embora a segunda seja melhor, já que não somos um recipiente que precisa ser preenchido de motivação, mas agentes que, para fazer acontecer, precisam ajustar vários fatores.
Não importa qual é seu objetivo para 2015 ou em qual tarefa você quer conseguir motivação, as 6 ideias abaixo vão lhe ajudar a alinhar “os fatores que influenciam sua conduta”.
Vejamos, então, como você pode adicionar mais resultados a sua vida.
Ideia #1 “Qual é minha lista de motivos, mesmo?”
Em qualquer momento, há, literalmente, milhares de atividades que você poderia estar realizando e milhares de sonhos que você poderia estar perseguindo. Quando um curso de ação é decidido, ele fecha a porta para infinitas possibilidades; isso é o que chamamos de custo de oportunidade.
Se você decide fazer X, é preciso ter plena certeza que sabe o porquê está fazendo. E é bom que isso fique claro de um modo consciente e inconsciente, já que você não vai conseguir se enganar – se estiver se forçando a fazer algo que não acredita, mais cedo ou mais tarde, terminará se sabotando.
Na base da palavra, motivação = lista de motivos. Como um exercício, escrevo numa folha de papel as razões pelas quais aquela meta é importante para a vida que eu quero criar. Caso tenha dificuldades em listar tais razões, é um sinal forte de que preciso reavaliar meus desejos.
Recomendo que você faça esse exercício em um lugar tranquilo, quando estiver disposto e recarregado. Talvez em um sábado à tarde, deixar o celular em casa e partir para a cafeteria mais próxima com caneta e papel será interessante para organizar suas ideias.
Ideia #2 Procrastinação pode ser um sinal
O trabalho de Nassim Taleb é possivelmente um dos mais transformadores a surgir no século. Eu recomendei o livro dele, Antifrágil, no Top 3 que li em 2014, como um livro muito denso em ideias que podem mudar sua vida.
Uma das ideias não-óbvias que ele traz é enxergarmos a procrastinação como um sinal ao invés de um problema. O tradicional é enxergar a falta de produtividade pelas consequências presentes: não ser possível concluir a tarefa em foco.
Mas e se você nem devesse estar realizando a atividade, em primeiro lugar?
Seja porque ela não se alinha com o que você quer ou porque você não vê sentido em cumpri-la. Nesses casos, a procrastinação sob a ótica que Taleb propõe seria uma forma que você encontrou para se impedir de fazer algo que não quer.
Por exemplo, aquele projeto que você tem que entregar sexta para a faculdade? Pode ser que sua procrastinação surja do fato que você não vê sentido em fazer a atividade: acha que não vai aprender nada e que só serve para nota. Ou aquela atividade no trabalho pedida pelo chefe? Você sabe que ele vai reclamar de tudo e pedir para ser refeito mesmo, por que se importar?
Usar esse filtro (“se estou procrastinando, é porque não quero fazer”) pode ser uma boa deixa para você repensar suas obrigações. Claro, você não pode se negar a fazer qualquer atividade trabalhosa ou desagradável usando isso como desculpa: fazer tarefas desagradáveis faz parte de nosso crescimento.
O ponto aqui é enxergar padrões em atividades que você procrastina com frequência (ver a namorada, ir ao curso de inglês, etc.) e reavaliar o que você realmente pensa a respeito. Ao invés de lutar para realizá-la, buscando por “mais motivação”, sua melhor saída pode ser arcar com as consequências e parar de fazê-la. Afinal de contas, o que é importante para você, você faz.
Pergunta: “Como você identifica uma tarefa prioritária?”. Resposta: “Ela está concluída”
Ideia #3 Ser realista é essencial
Em uma das conversas mais recentes de um mastermind do qual faço parte, o tema principal foi como manter equipes motivadas em busca de um objetivo comum. A experiência prática de todos apontava em uma direção: dê um horizonte que merece ser perseguido e um plano razoável para chegar lá.
Aqui nem falamos de um plano detalhado, com um passo a passo comprovado garantindo que tudo iria funcionar. Raramente na vida estamos imersos em situações tão previsíveis – o normal é precisarmos lidar com problemas conforme eles surgem.
O ponto em que concordamos sobre motivação é que se faz necessário ter um trajeto razoável de como chegar lá e todos na equipe têm que enxergar a tarefa como possível para que se mantenham motivados no dia a dia.
Se você der um passo mental e imaginar que está gerenciando uma equipe de uma pessoa (você mesmo), esses conceitos se aplicam da mesma forma.
Outro fato que passa despercebido por muitos é que a tarefa do momento, seja ela simples (como lavar o banheiro) ou complexa (fazer pesquisa de mercado), precisa estar conectada com o horizonte para o qual você está mirando. Cada pessoa da equipe precisa ver como o que ela está fazendo está ajudando o time inteiro a se mover para mais perto do objetivo.
A conclusão da conversa não me surpreendeu muito, pois esse é um resultado presente em vários modelos científicos diferentes que tentam explicar a motivação humana. Não só as pessoas precisam acreditar que é possível realizar a tarefa (que existe um caminho, uma forma de fazer), mas também que elas conseguem fazê-lo (trilhar tal caminho).
Daqui, retiramos duas lições:
- Seja realista (nada de sonho maluco). Você pode ser ambicioso, sonhar muito alto, mas busque informações e crie um plano razoável, possível de colocar em prática.
- Mantenha sempre em mente como as atividades sendo realizadas agora vão lhe deixar mais perto do que você quer.
Ideia #4 Alinhe várias áreas em torno de um objetivo
É possível dividir a vida em diferentes áreas que merecem atenção: saúde, relacionamento, profissão, finanças, etc. Não é possível estar avançando em todas as áreas ao mesmo tempo, por isso o bom é colocar algumas “em espera” enquanto se trabalha em outras, mantendo um revezamento.
Se você consegue criar um objetivo que alinhe o que você deseja para mais de uma área, seu “porquê” será muito mais forte e sua motivação mais segura. Por exemplo, você pode decidir buscar a preparação para um concurso público porque decidiu casar e quer uma estabilidade maior para constituir família.
Ou um exemplo pessoal: objetivo reduzir a gordura corporal a um dígito (<10 %), o que é um norte para “me obrigar” a viver um estilo de vida saudável e uma forma de garantir que me mantenha produtivo de modo sustentável (fazendo atividades físicas, com uma boa alimentação, bom sono, etc).
Se sua meta entra em contradição para diferentes áreas (ex: criar uma vida aventureira enquanto busca fazer carreira numa empresa grande), é muito provável que você vá experimentar a autossabotagem que mencionamos na forma de problemas com procrastinação.
Ideia #5 Que preço estou disposto a pagar?
Todas as técnicas de produtividade do mundo têm um limite: seu tempo. Não importa o quanto você seja produtivo, o limite é atingido por que todos nós temos as mesmas 24h por dia. Com a tendência pelo “mais” que estamos vivendo, as pessoas não analisam o “menos”: é possível (e até discutivelmente mais fácil) ser mais produtivo ao reduzir as tarefas e responsabilidades.
A obsessão com o mais é um tipo de preguiça intelectual: já que não conseguimos decidir o que queremos fazer, tentamos fazer tudo.
Remoção, essa é a palavra-chave. Faz-se necessário criar espaço na vida para que o objetivo seja alcançado. Podemos imaginar as atividades que você vai deixar de fazer como um preço a pagar pelo alcance daquela meta. O que você decidir não fazer mais a partir de agora é quase tão importante quanto o que você decide fazer.
Steve Jobs disse parecido e acreditou ter sido uma das chaves de seu sucesso.
“Algumas pessoas acham que foco significa dizer sim para a coisa em que você irá se focar. Mas não é nada disso. Significa dizer não às centenas de outras boas ideias que existem. Você precisa selecionar cuidadosamente. Eu sou, na realidade, tão orgulhoso das coisas que não fizemos quanto daquilo que alcançamos. Inovação é dizer não a 1000 coisas”
– Steve Jobs
Na busca do objetivo
Um princípio interessante do minimalismo é que “para cada objeto novo que adquiro, devo remover um que possuo”. Traduzindo isso em termos de atividades: cada iniciativa diferente precisa eliminar ao menos uma outra. Alguns exemplos:
- Se quer ler mais, delete os jogos e aplicativos de conversa no celular.
- Se quer organizar as finanças, não comprar nada sem ter decidido com pelo menos uma semana de antecedência (evitar compulsão, promover planejamento)
- Se deseja emagrecer, corte todos os carboidratos refinados da dieta.
- Se quer tempo para perseguir um projeto paralelo, largue atividades reativas (como ver TV)
É uma boa heurística pensar que, se não removi algo da minha vida para iniciar um novo projeto, as chances de fracassos são altas. Afinal de contas, não estou pagando o preço metafórico necessário.
Ideia #6 Preparar o suporte necessário para sua jornada
Sua vida agora e sua vida a caminho de alcançar seu objetivo são diferentes. Dependendo do tamanho do objetivo – se for algo grande como um casamento – sua rotina e seus hábitos passarão por mudanças radicais.
Como usualmente falhamos em perceber, uma das causas dos objetivos falharem é que não construímos sistemas de suporte em nossas vidas para acomodar tal meta.
Dan Andrews, um de meus mentores e a mente por trás do Tropical MBA, gosta de praticar a visualização reversa quando planejando um objetivo para contornar esse problema.
Digamos que essa meta seja a abertura de uma empresa. Dan senta e se imagina no futuro, com a empresa em pleno funcionamento e faturando o que ele deseja. Nesse cenário imaginario, como as coisas são? Como é o dia a dia dele? Quantos funcionários possui? Com que frequência ele é necessário no escritório? E as finanças, como estão organizadas?
Visualizando detalhadamente o destino, Dan trabalha do cenário ideal em direção ao hoje: “OK, que nível de atividade precisamos para alcançar aquele faturamento? Que estrutura preciso construir? Como minha rotina precisa mudar?”
Essas considerações são relevantes porque quando você está fazendo algo diferente, em busca de um objetivo, você é uma pessoa diferente. Se estiver imersa no mundo “do seu eu antigo”, o “eu novo” não encontrará o suporte necessário para fazer o que é preciso.
Um exemplo simples: se você deseja entrar em forma, seu “novo eu” precisa de roupas de academia prontas antes de ir de dormir para facilitar o exercício pela manhã. Mas seu “antigo eu” não possui o hábito instalado de “organizar roupas antes de dormir”.
Se você começa a perseguir o objetivo “entrar em forma”, o “novo eu” estará no mundo do “eu antigo” sem as roupas para sair de manhã cedo. Por mais motivado que esteja, o trabalho de procurar as roupas, checar se estão limpas, etc., vai atrapalhar sua disciplina.
Uma sugestão para manter o controle nos dias ruins
Por mais que estejamos organizados, dias ruins virão.
Para dar uma estimativa, ano passado eu fiz a experiência de rastrear meu humor durante algumas semanas. Varias vezes ao dia um aplicativo me notificava no smartphone e eu tinha que responder como estava me sentindo: depressivo, morgado, normal, contente, excitado.
Depois de um mês e meio, ao observar os resultados, notei que o depressivo (=motivação zero) compunha ~10% do tempo, isso em um momento de tempestade pessoal. Nunca vamos conseguir levar aquele número ao zero, dias ruins sempre existirão.
O ponto é não estragar tudo quando momentos ruins acontecerem. Já falamos por aqui sobre a importância de não chutar o cachorro:
“Não saia para fazer compras. Não tome decisões importantes. Não se entregue a comidas ruins. Não quebre nada.
Você está jogando o jogo de longo prazo aqui. Contanto que você não acumule muitos danos, um dia no qual as coisas dão errado não vai te atrapalhar.
Mas caso você faça algo obtuso, amanhã você vai ter que consertar a bobagem de hoje e tentar compensar o trabalho não-feito, ou seja, o trem vai descarrilar.
Em particular, nesses dias, eu gosto de desligar o computador e passar o dia fazendo atividades físicas (corrida) e lendo. Saio de casa sem carteira (cartões de crédito/débito) no bolso, só com o dinheiro para 2 ou 3 expressos e vou para uma cafeteria legal ler.
Dias ruins passam rápido. O estrago que você pode fazer neles não.”
Recapitulando — Transformando Conhecimento em Prática
“Não importa o tamanho dela, uma onda na praia nunca será tão poderosa quanto o oceano que a criou. O objetivo é ser o oceano – a força central na nossa existência que move montanhas, cria vidas, sacode continentes e é respeitado por todos”
– James Altucher, em Escolha Você
Se você chegou até aqui, deve estar se sentindo inspirado a colocar alguma das ideias em prática. Mas você também sabe que inspiração é diferente de motivação, então não se engane: ler a respeito de algo na internet não modifica seus resultados. Ou melhor, modifica pouquíssimo em comparação ao que mudaria caso você agisse de acordo com o que achou interessante.
Seja o oceano, e não a onda. Transforme o conhecimento adquirido em prática, afinal, a parte mais difícil, coletar a experiência do aprendizado alheio, que custou a quem cometeu os erros tempo, dinheiro e sofrimento, já foi feita.
Agora é com você. Identifique os motivos pelo qual você quer fazer algo (e se realmente quer). Seja realista, altere pequenos hábitos de sua rotina, como reservar algum tempo do seu dia para focar em suas tarefas, sem interrupções. Planeje suas ações, seja menos impulsivo.
Tenha em mente os pontos abaixo.
- Inspiração e Motivação são coisas diferentes.
- Sua produtividade não depende apenas de sua motivação.
- Crie rotinas e hábitos que lhe ajudem em seu autocontrole, não pense que somente a força de vontade basta.
- Escreva as razões que tornam suas metas realmente importantes.
- Observe a procrastinação como um sinal, e não um problema.
- Seja realista, não crie planos que você não conseguirá atingir.
- Dificulte a autossabotagem, alinhe várias áreas em torno de um objetivo.
- Remova atividades, pague o preço de suas metas.
- Prepare o suporte de sua nova jornada, facilite as coisas.
- Lembre-se que dias ruins acontecem, não faça nada impulsivamente.
Por último, compartilhe o artigo e ajude as pessoas ao seu redor a terem mais motivação e alcançarem seus sonhos!
Até a próxima!
E se não tenho meta ou objetivo a seguir? E se não tenho nenhuma expectativa de futuro? De onde tirar forças?
Opa Filipe!
Cara, um das possibilidades que não mencionei no texto é a experiência com a depressão clínica. Quando se passa por um problema assim, funcionamos de maneira diferente, porque nosso bioquímica (as substâncias em nosso cérebro) estão alteradas. Nesses casos, ajuda especializada regula isso e as pessoas voltam a se sentir ok.
Caso contrário, eu continuaria fazendo coisas importantes (veja o texto “e se eu n sei o que fazer da vida”) e experimentando coisas novas, uma hora o desejo iria clicar.
Abração!
Meu problema é pior que depressão. É desilusão com a sociedade moderna. Estou seguindo em frente mas sem esperança nenhuma. Tomara que isso mude.
Desculpas por isso, mas, estou divulgando uma experiência minha: https://analisenatural.wordpress.com/
Excelente artigo! Realmente muitas vezes sofremos por não distinguir um sentimento do outro. A maioria das pessoas tentam viver inspiradas e não motivadas. Por isso tem dias que a pessoa se sente fraca e impotente diante de fatos da vida, porque faltam nelas a verdadeira motivação.
Parabéns pelo edificante e excelente conteúdo
Parabéns pelo artigo Paulo. Entendo que o maior obstáculo é saber o que realmente nós queremos. Tony Robbins em seu livro, Poder sem Limites assevera que, enquanto formos incongruentes a probabilidade de alcançar nossas metas e ter uma vida melhor fica muito reduzida.
É por isso que é bom em alinharmos as coisas antes de seguir em frente (adicionar outro objetivo).
Parabéns pelo artigo, mas eu talvez tenha um adendo quanto a procrastinação que talvez você concorde, muitas vezes nos apegamos aos pequenos motivos de determinadas tarefas ou até mesmo não procuramos o real motivo, como por exemplo na faculdade focamos nas notas e não no aprendizado e no porque de aprendermos isso, na academia, a aparência ao invés de uma vida saudável e longínqua (neste caso talvez funcione para pessoas vaidosas)… Concluo que encontrar o real e profundo sentido das coisas pode ser um caminho para driblar a procrastinação, se mesmo assim a vontade de procrastinar persistir, talvez seja hora de mudar o curso.
Ótimo addendum, Luiz. Ter uma visão macro é muito importante para alinhar as coisas pequenas às grandes, mantendo a motivação no lugar.
Excelente artigo Paulo, realmente é algo que devemos analisar muito. Engraçado como ocorre a sintonia, muitas dessas suas “reflexões” eu já havia notado mas faltava a ação em decorrência delas. Do tipo que se acontece o que devo fazer. Parabéns pelo texto.
Obrigado, pH.
Se pensou, agora é hora de agir. Conhecimento traz resultado na medida que aplicamos!
Parabéns, Paulo! Destaco duas frases que me tocaram: “O que você decidir não fazer mais a partir de agora é quase tão importante quanto o que você decide fazer.” e “Dias ruins passam rápido. O estrago que você pode fazer neles não.”
Às vezes não fazer nada (principalmente em dias péssimos) é melhor do que achar que tem de fazer algo sem um objetivo razoável, simplesmente por fazer. Por isso, nos desvencilharmos de coisas inúteis que carregamos ou que não nos fazem bem, é um belo começo para seguir em frente e, mais adiante, visibilizarmos um objetivo.
Paulo, fico extremamente feliz e ao mesmo tempo aliviado em acessar os artigos que você escreve !
É impressionante a capacidade que o conteúdo exposto aqui, ajuda na reflexão de nossas atitudes e objetivos propostos por nós mesmos.
Agradeço pelo seu conhecimento e principalmente pela sua vontade de ajudar as pessoas e gostaria de pedir, se possível, que não pare com esse trabalho fantástico que você desenvolve !
Espero ansiosamente pelo próximo artigo que você publicar.
Grato !
Obrigado, Adriano! Fico feliz de saber que gostou.
Já já sai mais do forno.
Texto foda Paulo, parabéns!
Qual é o nome do aplicativo que você usou para rastrear seu humor?
Grande abraço
KeepTrack Pro para android!
Porra, fodástico o texto. Gostei tanto que imprimi pra estudar com calma. Idéias muito interessantes!
Curti Principalmente a parte das pequenas alterações na rotina e na ideia implícita da disciplina em seguir essas alterações resultando numa mudança completa.
“Uma variação minúscula no ângulo na partida farão 2 navios chegarem em lugares completamente destintos na chegada”
Isso foi uma injeção de ânimo. Eu já não via mais esperança em muita coisa e percebo, com o texto, que posso melhorar se eu mudar a minha forma de pensar e organizar as coisas. Vou ler esse artigo mais umas 3 vezes! Obrigada!
Bom saber, Cristina!
Depois nos conta como anda a aplicação desses princípios.
Abraços
O tipo de texto que você coloca nos favoritos e tem vontade de ler todos os dias para avaliar sua evolução, como um check list… rsrs
Muito bom, parabéns e obrigada!