24 Conselhos para Vida que Coletei Até Meu Aniversário de 24 Anos

24 Conselhos para Vida que Coletei Até Meu Aniversário de 24 Anos

Há alguns dias, eu fiz 24 anos. Eu me sinto sortudo por mais um ano de vida, estar cercado por pessoas que amo e ter saúde para desfrutar a vida.

Há 4 anos, logo quando “entrei nos 20”, escrevi um texto compartilhando o que queria ter sabido antes dos 20. Muita coisa mudou desde então e, principalmente, já li centenas de livros, o que me deu acesso a muito mais sabedoria.

Eu abri meu livro de notas, olhei os cartões na categoria “vida” (fatos sobre a vida) e “conselhos” (sabedoria), e fui vasculhar o que aprendi nos últimos doze meses. Posso dizer que não havia nenhum truque secreto incrível ali, apenas lições importantes, que precisamos aprender e reaprender em busca de uma vida melhor.

Separei 24 passagens e pensamentos para celebrar meu 24º aniversário e trazer algum valor para sua vida. Espero que aproveite.

* Pare de romantizar as situações. Recentemente, uma amiga fez uma viagem “dos sonhos” de muita gente; postou foto linda em redes sociais e tudo mais. Quando voltou, me contou que no geral a viagem foi uma droga, porque a ida e a vinda foi super desconfortável por causa de X, Y, Z. Nós gostamos muito de fantasiar as experiências como forma de escapismo, já que nunca estamos satisfeitos com o presente. Mas se olharmos para as coisas como elas realmente são, eles perdem o vislumbre que nos distrai do que é importante.

* Um exercício para isso é praticar “expressões depreciativas”, algo que Marco Aurelio fala no livro Meditações:

Como ver carne assada e outros pratos em sua frente e de repente perceber: isto é peixe morto. Um pássaro morto. Um porco morto. Percepções como estas – se agarrando às coisas e analisando de perto, para que nós vejamos o que elas realmente são. Isto é o que precisamos fazer o tempo todo – ao longo de nossas vidas quando coisas demandam nossa confiança – remova a superfície e veja o quão sem sentido elas são, para retirar a lenda que as envolve.

* Uma das minhas passagens favoritas é simples, da Annie Dillard, mas a ficha caiu com tanta força que me marcou: “Como nós passamos nossos dias, é, claro, como nós passamos nossas vidas”. Nenhuma grande epifania vai chegar. Nenhum grande objetivo que vai ser alcançado vai mudar a realidade. Nenhuma idade vai trazer o que você espera. Sua vida é isso aí, que está passando pela sua frente. Por isso é tão importante não se prender a jogos de busca por status ou satisfação de ego: é sua vida, limitada, da qual estamos falando.

* Corra para a linha de chegada. Marco Aurélio, provavelmente no acampamento de algum campo de batalha, escreveu para se lembrar da própria mortalidade:

Não fique à deriva. Você não vai reler seu “breves comentários dos gregos antigos”, o livro de notas que você guardou para quando ficar mais velho. Corra para a linha de chegada. Elimine suas esperanças, e se seu bem-estar importa para você, seja seu próprio salvador enquanto pode.

* Por outro lado, seja gentil consigo mesmo. Eu tenho ficado melhor nos últimos meses nesse ponto, mas já sofri bastante achando que “me puxar para cima” iria ajudar a crescer, quando na realidade só fez me quebrar. Lembro do último burnout que tive e de ficar à deriva por vários meses até conseguir me re-estabelecer. Não foi divertido.

* O Ryan Holiday diz (que aprendeu) “Encontre a ferida. Qual é sua ferida? Descubra maneiras que você subconscientemente tenta preenchê-la. Não vai funcionar. Você precisa curar. (Também permita que isso ajude você com seu entendimento da ferida de outras pessoas).” Eu passei quase dois anos me sabotando de maneiras cada vez mais criativas para não terminar a faculdade, mesmo sem precisar. Só quando percebi que era tinha uma crença enterrada de que “precisava ser milionário para concluir a faculdade e dar o próximo passo” e, como não era milionário ainda, estava me sabotando, foi que consegui terminá-la.

* Se você não está em situação crítica, dinheiro não vai trazer sua felicidade. Ponto final. Eu já estive nos dois extremos, de não ter dinheiro para sair de casa há alguns anos, até a viajar um pouco por aí como todo mundo sonha. Nos dois extremos, minhas preocupações eram as mesmas. É importante sair da armadilha de querer comprar status; depois disso, e com o básico coberto, você será livre.

* Não é difícil notar o quanto dinheiro não traz felicidade, mesmo se você não é rico. Eu, você e todo mundo já teve aquela experiência de querer um bem material, ficar ansioso por muito tempo, ficar alegre ao consegui-lo e, pouco depois, ele já estava no fundo da sua vida, sem causar muito impacto. Você sabe como é. Não é difícil generalizar essa experiência e essas conclusões para situações maiores, como “a casa perfeita”, “independência financeira”, “dinheiro para viajar o mundo”. Junte isso com toda bagagem científica sobre dinheiro e felicidade e o caso vai ficar bem claro – se bem que os estoicos já sabiam disso há 2 mil anos, então não é bem novidade.

* Não discuta na internet. Ninguém muda de opinião por causa disso, você está apenas alimentando seu ego.

* Um dos livros que mais me ensinou sobre racionalidade tem uma passagem também estoica que nunca entendi bem “a virtude é a própria recompensa”. Tudo bem ser virtuoso porque você acha importante, porque é algo em que você acredita, mas que recompensa você pode ganhar isso, exatamente? A ficha caiu esse ano. Quando você é virtuoso, ético e segue o próprio código de conduta, você tem algo que “aquele idiota que te cortou no trânsito pelo acostamento e evitou engarrafamento” não tem.

É algo difícil de explicar em palavras, mas é o equivalente a uma paz mental de “ter as mãos limpas” perante a vida: não importa o quão difícil os desafios fiquem para você, será sempre possível viver contente com o pensamento que você faz o melhor que pode com o que tem. Pode parecer pouca coisa ou abstrato demais, porém esse ano eu conseguir “acessar” esse pensamento de modo genuíno.

* Marco Aurélio colocou muito bem nessa passagem: “Quando afetado, inevitavelmente, pelas circunstâncias, reverta de uma vez a si mesmo e não perca o ritmo mais do que você precisa.”

* Aliás, vergonha é uma emoção poderosa. Se algo está lhe deixando com vergonha perante alguém, é hora de repensar o que irá fazer. O objetivo de vida mais nobre que vejo hoje é viver uma vida limpa, transparente.

* Vejo a conversão disso vindo de vários lugares (Sêneca, Taleb , Marco Aurelio,etc), mas um de meus favoritos é de um pedaço de ficção baseado nas obras de Ayn Rand:

As pessoas pensam que um mentiroso ganha a vitória sobre sua vítima […] O que eu aprendi é que uma mentira é um ato de autoabdicação, porque a pessoa tem que render a própria realidade para quem está mentindo, fazendo daquela pessoa seu mestre, condenando a si mesmo daquele momento em diante a fingir o tipo de realidade que a visão daquela pessoa requer que seja fingida… O homem que mente para o mundo é escravo do mundo daquele momento em diante. Não há nenhuma mentira branca, há apenas a mais sombria das destruições, e a mentira branca é a mais sombria de todas.

* Um passo adiante, que almejo todo dia alcançar (embora seja difícil chegar lá, que dirá permanecer lá), é manter seus pensamentos claros. Se o que habita sua mente está em alto nível, seus hábitos serão de alto nível, sua vida estará melhor por causa disso. Marco Aurélio também responde isso:

“Você precisa evitar certas coisas em sua linha de pensamento: tudo de aleatório, tudo de irrelevante. E certamente tudo de egoísta e malicioso. Você precisa se acostumar a peneirar seus pensamentos, de modo que se alguém disser, “no que você está pensando?” você possa responder de uma vez (e verdadeiramente) que você está pensando nisso ou naquilo.”

* Sêneca aconselha que mantenhamos alguém que respeitamos sempre “sobre nossos ombros” e agirmos como se aquela pessoa sempre estivesse nos observando. Esse é um mecanismo para nos ajudar a viver no mais alto nível de integridade que conhecemos.

* Uma das decisões mais importantes a tomar, em qualquer momento, é “quem são as pessoas com quem passo mais tempo?” Eu não consigo enfatizar a magnitude do impacto desse fator. Hoje em dia, antes de implementar qualquer mudança, eu me pergunto que tipo de pessoa eu gostaria de ter por perto que faria esse processo de mudança parecer leve, automático?

* Se for fazer, faça. Não precisa ficar remoendo muito – se tem que ser feito e está a seu alcance, levante e faça. O que quer que seja. Isso é algo que aprendi de verdade com minha esposa: ela tem uma ética de trabalho de ação. Enquanto às vezes perco tempo “arrumando vontade” para fazer algo, separando tempo mentalmente para fazer aquilo, ela simplesmente vai lá e faz. “Fac, si facis” (faça se você vai fazer)

*Aliás, amor romântico é bonito, mas ele não vai ser suficiente para guiar seu relacionamento. Nem a compatibilidade de gostos e hobbies. Nem o quanto suas famílias se gostam. Nem a paixão do primeiro momento. O romanticismo em si pode estar impedindo você de encontrar um parceiro que trará felicidade na sua vida. Relações são a respeito de construção, de encontrar alguém que você ache que vale a pena construir algo junto.

*Eu dei sorte de ter encontrado alguém assim tão cedo, mas encontrei quando nem estava procurando, para ser sincero – nos conhecemos despretensiosamente em uma festa que nem estávamos com tanta vontade de ir. É como dizem, cultive seu jardim se você quer atrair borboletas.

*Ryan Holiday diz que encontrar a esposa perfeita é o melhor hack de produtividade que ninguém comenta. Assino embaixo.

* Taleb tem essa passagem fantástica em que ele diz “se você vir uma fraude e não disser ‘fraude’, então você é uma fraude”. Eu tenho trabalhado em falar mais quando vejo algo errado (eticamente), não importa onde – na internet, na fila do banco, etc. É um desafio já que não dá para sair por aí querendo apontar tudo de errado, mas tenho focado em denunciar as fraudes de maior impacto.

*A estratégia mais poderosa que existe, até onde sei, também vem de Taleb: é a ideia de antifragilidade. Tal entendimento vai lhe ajudar a se beneficiar do acaso, ao invés de sofrer na mão da aleatoriedade. Aliás, você não precisará nem estar certo com frequência se estiver posicionado de modo antifrágil perante uma situação.

* “A maior parte das pessoas mentem quando descrevem as vidas delas. Não escute, não use o que eles disserem com base de comparação, não fique com inveja, apenas acene com a cabeça e então esqueça” – Ryan Holiday. Eu ainda sou culpado disso: alguém descreve algo que alcançou na vida (saúde, negócios, família, qualquer área), bate uma inveja. Bem, você não pode ter sua vida, viver de acordo com o que acredita, e ainda esperar alcançar o ponto máximo da vida de cada pessoa que você admira. Se você não está disposto a literalmente trocar de lugar com ela e pagar o preço que ela está pagando, então sua inveja é irracional. Deixe de lado.

*Se puder lembrar apenas uma coisa do que falei, lembre disso:

Esqueça todo o resto. Mantenha isso apenas e lembre-se: cada um de nós vive apenas agora, nesse breve instante. O período em que vivemos é curto. O resto já foi vivido ou é impossível de se ver. O período em que vivemos é pequeno – pequeno como o canto da Terra no qual vivemos. Pequeno mesmo quanto o maior renome, passado de boca em boca por pequenas figuras de graveto, ignorantes de si mesmo e daqueles que já morreram há muito tempo.

Pronto, feliz aniversário (atrasado) para mim. Uma boa semana para você.

  1. Muito obrigada, Paulo!!

    As coisas estão corridas por aqui e é muito bom parar uns minutos para te ler. Feliz aniversário atrasado!!

  2. Demais Paulo! Você inspira cara, tenho compartilhado este blog com pessoas próximas que querem trocar idéias relevantes e fora do padrão social que vemos na TV, jornais e rede social. Valeu! Você vai além! Parabéns!

  3. Paulo, primeiramente parabéns.Creio já ter uns 3 anos que acompanho seus posts; afirmo que é um dos melhores sites que conheço, tanto pelo conteúdo quanto pela qualidade de suas mensagens; gostaria de saber se não há como disponibilizar todas as suas menagens publicadas até agora em formato ‘pdf’ para que interessados como eu, possam baixar; ou se haveria alguma forma de eu mesmo transformar as postagens em ‘pdf’.Obrigado e forte abraço.

  4. Essa foi a frase que marcou o texto: “A maior parte das pessoas mentem quando descrevem as vidas delas. Não
    escute, não use o que eles disserem com base de comparação, não fique
    com inveja, apenas acene com a cabeça e então esqueça” – Ryan Holiday.

    A superficialidade e jogo de aparências tem tomado conta das redes sociais e consequentemente das nossas vidas.

    Esse é um dos motivos pelos quais voltei a seguir algumas pessoas e blogs. Aqui o papo reto, sem firulas. Caso contrário, o blog estaria maquiando sua razão de ser. Belo texto. Abraço.

  5. Hoje é meu aniversário de 24 anos e fiquei feliz de achar esses conselhos! Se pudesse apenas dar um, eu diria: mantenha-se vivo! :)

    1. Opa, Feliz Aniversário, Júlia! É isso aí, o segredo é aprender com os erros e não morrer, o resto vamos descobrindo :)

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