O Eu Quantificado e a Nova Geração da Produtividade

O Eu Quantificado e a Nova Geração da Produtividade

Deixe-me fazer uma pergunta: você já se sentiu preso?

Aquela sensação desagradável como se você estivesse correndo debaixo d’água: você faz muita força e, quando consegue sair do lugar, o avanço nunca é tão grande quanto o esperado.

Por outro lado, posso apostar que você teve dias em que se sentiu incrível, produtivo, com tudo dando certo. E, no final do dia, você olhou para trás e não conseguiu apontar exatamente o que produziu.

Estranho como há dias em que nos esforçamos sem sair do lugar, nos sentindo mal a respeito, como também há dias em que estamos nos sentindo bem, tudo está perfeito e ainda assim não conseguimos produzir bem.

A explicação: nossa sensação interna de mundo é subjetiva e passível a flutuações. Pode ser que você se sinta improdutivo em um dia que produziu muito e se sinta produtivo durante um dia em que nada saiu do papel.

Desde que eu foquei em fazer acontecer na vida, tenho acompanhado meus feitos de perto para garantir que esteja me movendo na direção que eu desejo. Contudo, isso ainda é um pouco abstrato, uma solução estratégica. Se quisermos acompanhar o dia a dia, precisamos de uma solução tática.

Para acompanhar de perto o que tenho feito, me aproximei de um movimento que, a meu ver, compõe a nova geração da busca por produtividade.

Usando a tecnologia a seu favor

O movimento do Eu Quantificado (Quantified Self, em inglês) gira em torno da busca de uma melhor compreensão de si mesmo através de dados, informações medidas e acompanhadas, que estão cada vez mais acessíveis com a popularização de tecnologias na área.

O anúncio recente da Apple com o iWatch, o relógio inteligente, trouxe a atenção do público geral para dispositivos “vestíveis”, que já é um mercado grande incluindo dezenas de gadgets.

Estas tecnologias – como apps de smartphones, aparelhos GPS, e rastreadores de atividade física com acelerômetros – permitem a indivíduos rastrear todos os aspectos de suas vidas diárias, incluindo a atividade total, o número de passos, a comida que comem, a quantidade de sono, os batimentos cardíacos e o humor.

Esse rastreamento não apenas permite a indivíduos aprenderem mais sobre si mesmos, como também os ajuda a agirem para se tornarem mais saudáveis e melhorar suas vidas, de acordo com os seguidores do movimento.

What is the Quantified Self?

Esse TED curto vai fornecer um pouco mais de contexto.

Já inclusive discuti brevemente como uso um aplicativo para controlar e melhorar a qualidade de meu sono, que você pode (e deveria) começar a usar hoje.

O que tudo isso tem a ver com a produtividade?

É possível enxergar a busca por uma vida produtiva como passando por três grandes fases.

1. A fase do “vamos usar o aplicativo X para ser mais produtivo!”
2. A fase do “o método de produtividade Z tem trazidos resultados bons depois de implantado!”
3. A fase do “experimentar a rotina X melhorou meu sono mas diminuiu a produção durante a tarde”

Não me entenda mal, buscar aplicativos que lhe ajudem a focar mais não é algo ruim per se, só não é uma alternativa sustentável no longo prazo. A busca pelo próximo aplicativo para resolver seu problema nunca acaba e você termina se deparando com uma corrida sem sair do lugar.

A segunda fase é um pouco mais madura, na qual se estuda filosofias diferentes de fazer acontecer. É ao menos nesse nível que tento manter nossas discussões sobre produtividade, pois aqui surgem as mudanças reais.

Todavia, podemos ir mais longe, movidos pelo eu quantificado, ao nível de produtividade personalizada: acompanhar algumas medidas-chave na vida e manipular os fatores em busca de melhorar tais medidas. Você pode querer maximizar várias coisas: horas totais de trabalho, foco, qualidade do sono, felicidade… o que for melhor para sua vida.

Numa série de textos, vou começar a detalhar todos os experimentos que já fiz, as medidas que faço diariamente, vou apresentar alguns princípios para você começar, assim como ideias de experimentos. E ah, vou trazer alguns estrategistas de nossa comunidade para falar a respeito: já me deparei com pessoas bem antenadas com o movimento do Eu Quantificado e que experimentam ativamente.

Como você pode começar hoje

Antes mesmo de mergulharmos em nossa série de textos a respeito do Eu Quantificado, quero deixar um exercício simples para você começar na jornada de experimentação que vai lhe deixar mais produtivo.

A ideia, com discutimos, é remover toda subjetividade da sua produção. Imagine a si mesmo como uma caixa preta: de um lado, o operador insere fatores de entrada e no outro retira os fatores de saída.

Pergunte-se:

Quais são meus fatores de entrada? Ou, em outras palavras, o que afeta minha produção? Algumas ideias: níveis de qualidade do sono, ambiente, foco, rotina, alimentação, companhia de qualidade, exercícios físicos.

Quais são meus fatores de saída? Ou, em outras palavras, o que desejo produzir e em que termos? Algumas ideias: horas totais de trabalho, volume de material estudado, quantidade de trabalho produtivo, número de emails processados, quantidade de tarefas produzidas.

Em nossas próximas conversas, discutiremos como mensurar, manipular e experimentar para lhe ajudar a otimizar sua vida, alcançando seus objetivos.

  1. Oi Paulo,

    Excelente artigo! Esse movimento nos levará ao autoconhecimento!

    Eu vivi muito a pessoa do item 1, aquele que toda semana baixava um aplicativo novo para testar a produtividade. Hahaha!

    Grande Abraço,

  2. Hey Paulo,

    demais esse artigo, hein? Esse exercício me ajudou à identificar quando sou produtivo. Pra mim funciona assim: preciso dormir perto das 23:00 e acordar às 05:30. Preparar meu café e estar pronto para começar às 06:00. Esse horário matinal me faz produzir muitos dos meus fatores de saída: páginas de material aprendido, artigos escritos, vídeos gravados ou peças de conteúdo produzidas. Checar o email apensa ao 12:00 também é bastante produtivo para mim.

    Agora vai ficar mais fácil construir uma rotina produtiva.

  3. Oi Paulo,

    Muito bom o artigo, parabéns!

    Como próprio Gary disse no TED: “isso é auto conhecimento”. Cabe a cada um de nós, aprendermos a interagir com todos esses dados e usar da melhor forma.

    Ao assistir a palestra, fiz um link com o TEDx da Fernanda Viegas (https://www.youtube.com/watch?v=DUV_oC_Rvy4) sobre visualização de dados, que estudei nos meses passados. Somando a idéia do Wolf com as formas que a Viegas apresenta de visualizarmos e tratarmos melhor os dados, podemos ter resultados fabulosos, mesmo com dados ‘aparentementes’ simples.

    Acho que é isso… E que venham os próximos posts sobre o assunto.

    Grande abraço!

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