Musashi, por Eiki Yoshikawa, é um romance histórico japonês, com um tom biográfico, sobre a vida do samurai Miyamoto Musashi, mais famoso espadachim da história do Japão. Ele é responsável pela criação do estilo de lutas com duas espadas, o Niten Ichi Ryu, e escreveu um tratado sobre artes marciais denominado “O livro dos cinco anéis” (Go Rin No Sho).
Segundo a wikipedia:
“Era Tokugawa (1603-1868) Miyamoto Musashi (1584-1645) é um dos heróis nacionais do Japão. Vivendo num período histórico de transição, em que os tradicionais métodos dos samurais eram aos poucos substituídos por armas de fogo (ainda primitivas), ele simbolizou o auge do bushido (caminho do guerreiro), no qual um homem com uma espada na mão representava o máximo da realização individual.
Vários espadachins percorriam o país, alguns simplesmente procurando um adversário famoso como forma de promoção, outros realmente buscando aperfeiçoar sua técnica. Musashi era um destes aventureiros. Como narra na introdução de O Livro dos Cinco Anéis, nunca foi derrotado em combate, apesar de ter enfrentado mais de sessenta oponentes, algumas vezes mais de um simultaneamente.”
Após ter sido indicado a ler esse livro, eu fiquei com um certo receio. Primeiro, porque eu imaginei que seria algo mais perto dos animes, genêro que eu não conheço. Pensei também que o tom da narrativa seria monótono, pois trata do japão tradicional, época dos espadachins, de feudos, servos e suseranos.
Eu estava enganado.
O autor é bem habilidoso. Como narrador, torna a leitura algo bem gostoso, leve e fácil. Tanto que eu devorei os dois volumes, em um total de 1800 páginas, em pouquíssimo tempo.
O que pude extrair do livro
Musashi vive em uma jornada de aperfeiçoamento. Ele não teve um mestre no começo da vida, então perambulou de lugar a lugar, treinando sozinho, muitas vezes se retirando para as montanhas e passando várias meses vivendo e treinando lá.
Em dado momento, ele volta ao convívio social e duela com alguns samurais famosos da época. Ele vence facilmente, mas se pergunta (mais ou menos assim):
“Ou eu sou muito bom (o que não acredito que seja), ou essas pessoas… não merecem a fama que tem. Que tipo de sociedade pode respeitar e valorizar uma farsa dessas?”
Ele passa a vida toda em busca de aprendizado, sempre com a consciência da vastidão do mundo e o quanto ainda tinha que aprender, sem se deixar levar pelo orgulho ou soberba (o que seria fácil, dado sua invencibilidade).
Além de lutar com espadas, ele valorizava todo tipo de arte. Sabia apreciar o empenho com que os artesãos criavam peças, ou como pintores desenvolviam suas habilidades ou músicos lidavam com melodias. Ele mesmo dedicou-se também à caligrafia, às esculturas, à pintura dentre outras artes.
Vejo muito em comum entre Musashi e Bruce Lee, dois grandes ícones em seus respectivos momentos. Ambos falam muito filosoficamente sobre a mente, sobre como se livrar de pensamentos impuros e se moldar ao ambiente. Na entrevista perdida de Bruce Lee, ele diz:
Seja água, meu amigo.Bruce Lee
No final do segundo livro, diante de sua mais famosa batalha, contra Sasaki Kojiro, há a seguinte passagem de Musashi:
“Lançou um olhar casual sobre a borda do bote e contemplou a água azul turbilhonante. O mar era profundo, inescrutável. A água tinha vida, vida eterna, mas não forma. E enquanto o homem continuasse a preso à forma, não alcançaria a vida eterna. Só depois de perder a forma é que a teria, ou não. Vistas sob esse prisma, morte e vida eram tão insignificantes quanto bolhas na superfície da água.”
Resumo da ópera
Um livro que, apesar do tamanho, é uma excelente leitura, muito leve e agradável. Através dele, você irá conhecer muito dos costumes do Japão do século XV (ainda fechado à entrada ocidental) e sobre o estilo de vida dos samurais. Além disso, terá contato com um pouco da vida de um dos mais famosos guerreiros japoneses, misturada a personagens fictícios para criar o romance. Muitas epifanias poderosas te aguardam.
Parece ser um ótimo livro!
Diga-se de passagem, boa a entrevista de Bruce Lee, já tinha assistido anteriormente.
Totalmente recomendado. Principalmente se você é uma daquelas pessoas com muito potencial bruto para desenvolver e precisa passar por uma jornada de aprendizado.
É bem escrito também, de modo que você gruda e nem sente as centenas de páginas. Sem falar que você fica com vontade de aprender esgrima.