Imagine

Imagine

Imagine que você acordou hoje e descobriu sua maior paixão.

Assim, do nada, você levantou da cama e simplesmente soube o que você queria fazer da vida; o que te deixaria feliz. E tudo deu certo, porque você já tinha dinheiro para se manter e poderia se dedicar exclusivamente a cumprir “seu chamado”.

O que aconteceria nesse cenário? Como você se sentiria?

  • Você estaria desenvolvendo algum tipo de trabalho que te deixasse satisfeito, algo bem recompensador.
  • Você estaria fazendo a vida das pessoas um pouco melhor com sua arte, seja ensinando, escrevendo ou fazendo o que sabe da melhor maneira.

Ok, corta cena.

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Pergunta importante: ação ou intenção?

No final do ano passado eu estava no TEDxRecife e ouvi uma história que me chamou a atenção.

Um dos palestrantes, não me lembro nome, cidadão da classe média recifense, era uma pessoa religiosa. Toda terça-feira ele reunia várias pessoas da sua congregação para realizar sessões em seu apartamento. Eles vinham, praticavam atividades religiosas, congregavam, comiam e interagiam como uma comunidade. Louvavam o deus deles como bons samaritanos.

Certo dia, ele começou a conversar com seu vizinho da frente, que sempre foi muito simpático. Como nos dias de congregação ele deixava a porta do apartamento aberta e, como seu vizinho também não costumava fechar a sua, este tinha completa ciência do que se passava naquele lar. Empolgado, resolve convidar o vizinho a se juntar a eles.

Para sua surpresa, o vizinho nega e diz que não quer relação nenhum com esse tipo de gente. Eles se acham pessoas boas, especiais, mas não fazem nada pelos outros; se orgulham de reunir na casa de um companheiro e ficar cantando e orando e se alimentando, já que têm condições para fazer isso. Enquanto lá fora tanta gente precisando de ajuda de verdade.

Chocado, ele volta para casa e manda todo mundo embora. Quando a realidade bateu na cabeça dele, ele se sentiu mal. Pediu que todos saíssem e foi conversar com a mulher. Ele sentia que precisava fazer alguma coisa, embora não soubesse o quê.

No outro dia, ele viu a notícia de um desastre natural aqui em Pernambuco; muitas famílias precisando de tudo, desde água potável até colchões. Então, ao enxergar uma necessidade, sem um grande plano de vida ou sem nunca ter sonhado a respeito, decidiu agir. Ele bateu no peito e disse: “nós precisamos fazer algo para ajudar essas pessoas; qualquer coisa”. Ele começou a ligar para todo mundo, pedir donativos e favores.

E foi assim nasceu uma das ONGs mais lindas e efetivas de Recife. Ela movimenta centenas de voluntários e já impactou positivamente a vida de dezenas de milhares de pessoas.

Corta cena.

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De volta ao hoje.

O que é mais importante: intenção ou ação? Sua intenção não vale nada. Se você não bater no peito e assumir responsabilidade para fazer algo no mundo acontecer, suas intenções são nulas.

Isso se aplica diretamente a sua vida. Se você soubesse exatamente o que quer para o futuro, o que te deixa feliz, você estaria (a) satisfeito com sua vida e (b) causando impacto positivo nos outros com suas atividades?

Bem, uma pedra ainda não caiu na sua cabeça para te trazer aquele insight mágico que vai te dizer qual é o seu verdadeiro “chamado”, se é que isso existe. Por que então não pulamos direto para a parte de ajudar as pessoas?

Se é isso que vamos fazer uma vez que tudo encaixe no seu lugar e se alinhe bem (descobrir a paixão, ter saúde, tempo livre e dinheiro), por que não começar agora?

Eu garanto que você vai se sentir melhor no final do dia ao colocar a cabeça no travesseiro e saber que uma criança vai ter uma noite um pouquinho melhor porque pode brincar com alguém hoje, por você ter tirado uma hora do seu dia muito ocupado para visitar um orfanato.

O universo nem precisa ser justo, mas nesse caso ele é. Quer saber a melhor parte? A evidência dos estudos aponta que a paixão vem depois do esforço. Ou seja, depois que você começar a se esforçar em determinada atividade, sua paixão por ela vai começar a nascer e não o contrário. Então, se você começar a agir agora, mesmo sem ter um grande sonho ou saber o que quer da vida, e começar a fazer a vida de alguém um pouco melhor, aquilo vai eventualmente se transformar em uma de suas paixões.

Você não precisa ter dinheiro (muitos orfanatos e abrigos de idosos querem só um pouco do seu tempo e de sua companhia) e não precisa ter tempo (mesmo trabalhando o dia inteiro você pode passar uma hora por semana no sábado ou domingo). E não venha me dizer que não sabe onde ir; se fosse para pesquisar um restaurante novo no google, você saberia. É só questão de vontade mesmo.

O contato com a realidade

Uma das práticas transformadoras da antiga Cabana PapodeHomem (um mastermind focado no desenvolvimento masculino) era: observe a merda do mundo. Nos posts dessa seção, nós colávamos notícias que encontrávamos em nossa vida pela internet, falando de coisas horríveis que víamos.

  • Meninas cometendo suicídio por causa de intimidade vazada na internet;
  • Crianças se matando por não aguentar o bullying na escola;
  • Como uma em cada três mulheres sofreu ou vai sofrer algum tipo de violência ao longo da vida;
  • Ou uma em cada cinco meninas vai sofrer abuso sexual na infância;
  • Como tem mais de 30 milhões de pessoas infectadas com HIV no mundo, estando a maioria na África;
  • Como há mulheres sendo tratadas como lixo no Oriente;
  • Como há pobres passando fome na sua cidade;
  • Como há cachorros e gatos sendo espancados e maltratados agora mesmo perto de você…

O objetivo dessa prática era manter um lembrete constante para nós que há um número incontável de coisas ruins e tragédias acontecendo nesse exato momento pelo mundo.

Quando alguém me diz que não sabe o que fazer da vida eu só consigo pensar que a ficha dessa pessoa não caiu ainda, do mesmo jeito que nosso amigo da história acima quando ele estava fazendo reuniões em sua sala de estar.

No plano profissional, você não precisa saber exatamente o que quer para começar a agir assim mesmo. Se quer começar a fazer coisas, já falei o que pode te ajudar.

Sinceramente, o que você está esperando?

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